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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

COMPOSITORES DO BRASIL


WALDIR AZEVEDO

Por Zé Nilton

Quem de nossa geração não foi tomado de rara emoção ao ouvir os choros e as músicas de e com Waldir Azevedo? O músico e compositor da mais alta estirpe no manejo (solo) do cavaquinho não só está inserido no contexto do que há de melhor no estilo, como fez história nessa arte, porquanto deixou uma plêiade de seguidores Brasil afora.

Gosto de imaginar haver uma certa dedilhagem do cavaquinho de Waldir talvez nascida da introjeção da clássica “Apanhei-te, cavaquinho”, de Ernesto Nazaré. Se assim for, mérito para os dois. O saltitado de alguns choros informa uma música desvirtuada do sentido do choro. Eis aí a grande surpresa do choro: apesar de dolente, de triste, é alegre, também, porque saltitante; leva a gente pra fora do que poderia fazer lágrimas lá dentro.

E foi de lágrimas algumas de suas composições, como a música “Minhas mãos, meu cavaquinho”, composta como um hino revigorante logo após o acidente doméstico ter-lhe decepado parte do dedo anular da mão esquerda. Logo na mão esquerda.

Permita-me, caro leitor, falar do consagrado compositor aliando a algo pessoal.

A música de Waldir Azevedo me faz lembrar um tempo maravilhoso, aquele vivido quando a Rua Bambina, no Rio de Janeiro, era a jóia de Botafogo. Rua calma em oposição ao ruído constante das vias de rolagem da Praia de Botafogo, sua paralela.

Francisco Sávio Couto Pinheiro, Savito – o gênio do vestibular, nos anos setenta, ao lado de José Flávio Vieira - meu colega de apartamento. Mais ainda, escolheu-me para ser seu camarada. Dividíamos um dos quartos do pequeno apartamento. Fui pra lá por seu intermédio. Ele queria aprender violão e eu alargar o meu francês. Ele saiu-se melhor, não por culpa dele.

Toda a noite ao apagar a luz ligava sua pequena vitrola. Um único disco rodava. Carlos Poyares nos embalava tocando entre outros o grande Waldir Azevedo. Pela madrugada raspava a agulha a última volta do acetato, rompendo o silêncio...A música marca o tempo. Hoje, avulta-se à memória aquele quarto tal qual a imagem do poeta Manuel Bandeira no “Poema do Beco”, toda vez que ouço a introdução de “Carinhoso”, de Pixinguinha, faixa primeira do disco de Poyares.

Nesta quinta-feira é a vez de falarmos e ouvirmos o talentoso Waldir Azevedo no programa radiofônico da Rádio Educadora do Cariri, COMPOSITORES DO BRASIL.

Na sequencia:

Brasileirinho
Vê se gostas
Pedacinho do Céu
Contrates
Delicado
Minhas Mãos, Meu Cavaquinho
Chiquita
Camundongo
Flor do Cerrado

Quem ouvir verá!

Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducaroradocariri.com)
Acesse. www. blogdocrato.com
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Todas as quintas de 14 às 15 horas

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