Teve um tempo em Várzea Alegre que eu só andava com Antônio Ulisses. Por conta da nossa grande amizade nós arranjamos uma paquera com duas garotas do sítio Varas, que eram irmãs. Uma dia lá Antônio Ulisses soube que havia falecido uma velha lá nas Varas e veio me convidar para ir com ele argumentando que as meninas poderiam aparecer no velório. A princípio eu não concordei achando sem futuro porque era de noite e não era tão perto, mas ele me convenceu dizendo que ia arranjar um jumento do pai dele. Depois de me convencer ele saiu e logo depois chegou com um jumento tão grande que parecia um burro.
Partimos por volta das sete horas da noite. Passando pela bodega de Raimundo de fama tomamos meia garrafa de cana e já saímos de cabeça quente. Quando chegamos no Buenos Aires eu tirei um realejo do bolso e fui tocando mais desafinado do que Manoel da Rebeca.
Quando passávamos no corredor das Melosas eu avistei uma luz de lamparina numa casinha que tinha dentro da roça, aí falei:
- Deve ser naquela casa. Vamos lá.
- Vamos.
Encontramos um rapaz demos boa noite, ele respondeu e depois falou:
- Vocês não me leve a mal não, mas parem de tocar que morreu uma velha naquela casa.
Ficou assim confirmado o local do velório.
Nós descemos, amarramos o jumento num juazeiro, entramos e demos os pêsames ao viúvo. As garotas não estavam, tinha apenas seis pessoas a saber: Eu, Antônio Ulisses, Neguinho das Gaiolas, o viúvo, a finada e Afonso cunhado de Manoel Cabeção, que já estava de luto fechado. Ele usava sapato preto, calça preta, chapéu preto e camisa preta de manga longa. Era a figura do Demo.
Deu onze horas da noite e nada de chegar as meninas nem mais ninguém. Quando foi onze e meia Afonso se despediu dizendo que tinha de bater uns tijolos no dia seguinte, mas depois eu descobri que a intenção dele era de assustar a gente na volta para a cidade.
Por volta da meia noite nós resolvemos voltar. Na saída que dava para o corredor das Melosas eu dei uma pancada na cancela que meu companheiro quase caia do jegue. Depois desse susto nós ficamos calados, mas de repente eu quebrei o silêncio:
- Antônio! Se a alma da velha aparecesse aqui o que era que tu fazia?
- Eu me agarrava com ela e dava uns cocorote pra tirar os pecados
Quando nós passávamos de lado de uma moita de mufumbo, Afonso pulou na frente do jegue abrindo os braços. Deu um grito tão pavoroso que os cachorros do sítio Fundão latiram. O jegue deu quatro saltos, mas três foi de graça, porque logo no primeiro nós caímos.
Eu caí para o lado esquerdo pulei a cerca e corri na direção da cidade, Antônio Ulisses caiu pela direita pulou também uma cerca e correu na direção do Rosário e o jegue assustado correu de ré na direção do sítio Coité.
Este causo terminou assim:
Eu amanheci o dia rezando na porta da igreja matriz de Várzea Alegre, Antônio Ulisses foi parar na casa de Leó no sítio Riacho do Meio e o jumento foi encontrado quatro dias depois relinchando debaixo de um pé de oiticica no sítio Caiana.
Antônio Ulisses sempre que falava no assunto dizia que tinha visto a figura do Capiroto, mas eu tenho convicção de que era Afonso.
Partimos por volta das sete horas da noite. Passando pela bodega de Raimundo de fama tomamos meia garrafa de cana e já saímos de cabeça quente. Quando chegamos no Buenos Aires eu tirei um realejo do bolso e fui tocando mais desafinado do que Manoel da Rebeca.
Quando passávamos no corredor das Melosas eu avistei uma luz de lamparina numa casinha que tinha dentro da roça, aí falei:
- Deve ser naquela casa. Vamos lá.
- Vamos.
Encontramos um rapaz demos boa noite, ele respondeu e depois falou:
- Vocês não me leve a mal não, mas parem de tocar que morreu uma velha naquela casa.
Ficou assim confirmado o local do velório.
Nós descemos, amarramos o jumento num juazeiro, entramos e demos os pêsames ao viúvo. As garotas não estavam, tinha apenas seis pessoas a saber: Eu, Antônio Ulisses, Neguinho das Gaiolas, o viúvo, a finada e Afonso cunhado de Manoel Cabeção, que já estava de luto fechado. Ele usava sapato preto, calça preta, chapéu preto e camisa preta de manga longa. Era a figura do Demo.
Deu onze horas da noite e nada de chegar as meninas nem mais ninguém. Quando foi onze e meia Afonso se despediu dizendo que tinha de bater uns tijolos no dia seguinte, mas depois eu descobri que a intenção dele era de assustar a gente na volta para a cidade.
Por volta da meia noite nós resolvemos voltar. Na saída que dava para o corredor das Melosas eu dei uma pancada na cancela que meu companheiro quase caia do jegue. Depois desse susto nós ficamos calados, mas de repente eu quebrei o silêncio:
- Antônio! Se a alma da velha aparecesse aqui o que era que tu fazia?
- Eu me agarrava com ela e dava uns cocorote pra tirar os pecados
Quando nós passávamos de lado de uma moita de mufumbo, Afonso pulou na frente do jegue abrindo os braços. Deu um grito tão pavoroso que os cachorros do sítio Fundão latiram. O jegue deu quatro saltos, mas três foi de graça, porque logo no primeiro nós caímos.
Eu caí para o lado esquerdo pulei a cerca e corri na direção da cidade, Antônio Ulisses caiu pela direita pulou também uma cerca e correu na direção do Rosário e o jegue assustado correu de ré na direção do sítio Coité.
Este causo terminou assim:
Eu amanheci o dia rezando na porta da igreja matriz de Várzea Alegre, Antônio Ulisses foi parar na casa de Leó no sítio Riacho do Meio e o jumento foi encontrado quatro dias depois relinchando debaixo de um pé de oiticica no sítio Caiana.
Antônio Ulisses sempre que falava no assunto dizia que tinha visto a figura do Capiroto, mas eu tenho convicção de que era Afonso.
Dedico esse causo a Chico Nenem.
Mundim.
ResponderExcluirEssa foi, sem duvida, a historia do namoro mais desnamorado que já li. Nem o namoro de Manuel de Pedro do Sapo foi igual.
hahahah
Abraços.
ARREÉGUA QUE QUASE NAO FAÇO O PROGRAMA RINDO COM ESSA.. ESSA FOI DEMAIS VALEU POETA.. POETA E O AUTOR DO VERSO DE PÉ QUEBRADO JÁ DESCOBRIRAM ?? E VOCE VIU EU RIAMNDO SEM PÉ QUEBRADO QUEBRANDO SÓ O DO VERSO?
ResponderExcluirMorais, será que as paqueras ao menos desconfiaram de tamanho sacrifício? Affff estou rindo até agora, Fafá
ResponderExcluirMorais.
ResponderExcluirAinda não era namoro, nós só
estávamos roendo.
Poeta Cláudio.
ResponderExcluirAinda não descobriram o autor
do pé quebrado.
Do seu eu posso encanar depois.
Mundim.
ResponderExcluirVivi em Varzea-Alegre até os 18 anos, nunca namorei ninguem, mas posso lhe assegurar que não tem coisa pior do que roer. Migrei para o Crato e a coisa melhorou. Encontrei uma que me encabrestou divera.
hahahaha
Francesinha.
ResponderExcluirQuando as garotas souberam, foi a maior gozação lá pelas varas, elas
ainda disseram, que dos dois paqueras,só escapava o louro.
E o louro foi o mais frouxo do
causo.
kkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirÉ para rolar de rir...eu fecho os olhos e imagino a cena do burrico dando pinotes e os dois rapazes correndo, para lados opostos....
Isso tem que ser piada....rssss
Eita Mundim...
ResponderExcluirTem certeza que era Afonso? Pense bem! Remexa a memória... Olha lá, hem?
Bolei de rir, menino...
Abraço,
Claude
é essa história lembra uma semelhante a de Bidim foi muito boa gostei
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