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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

PASSAGEN DE ANO NOVO - Por Mundim do Vale

Na passagem de ano de 1957, eu e meu saudoso amigo, Antônio Ulisses Costa, desenvolvemos uma aposta que consistia em adivinhar onde era o sítio que moravam as pessoas que vinham para a cidade, na noite de festas.
Nós dois vestidos com um cenário que era; Camisas Banlon, Calça de tropical e sapato fanabu. Depois de fazer a farra comendo broa com aluá, nós partíamos para o desafio, aquele que perdesse, pagava um pão-de-ló para o outro.
Tinham algumas situações que era muito fácil acertar. Era o caso dos moradores da Unha de Gato. Que eram apenas duas famílias, A Lobo e a Joaquim. Também o pessoal do Chico e Varzinha, que Era uma família só.
Nós saímos contornando o mercado velho, quando vimos um anão tomando sopa no café de Domicilia.
Eu apontei e perguntei:
- De onde é aquele nó de cana?
- Só pode ser da Aba da Serra.
- Da Aba da Serra, não é não.
- Pois vamos perguntar.
Meu amigo aproximou-se do pequeno e perguntou:
- Ei batoré. De qual sítio tu é?
O roda-pé de quartinha respondeu:
- Sou da Aba da Serra. Eu sou primo legítimo desse outro baxim aí.
Antônio Ulisses ficou fazendo gozação, enquanto eu preparava a minha vingança.
Continuamos pela calçada, quando chegamos na esquina, eu avistei na porta da bodega de Raimundo Silvino, um galego sapecado, que parecia mais com um cavalo gazo.
Eu olhei para o meu amigo apostador e falei:
- Vamos apostar naquele sarará.
- Tem futuro não, esse povo assim costuma se zangar.
- Tem nada não, vai ser ele mesmo. Eu acho que ele é das Cajazeiras.
- É não. Ele deve ser da Caiçara.
- Não Senhor! Na caiçara não tem gente desse tamanho não.
- Pois vamos lá.
Quando eu abordei o galego, meu amigo afastou-se um pouco mas mesmo assim eu perguntei:
- Ei galego! Tu é de qual sítio?
- Sou das cajazeiras dos Costas. Eu sou primo desse galego véi qui anda mais tu. Ele só veve lá im casa. Ei primo! tá siscondendo deu?
Meu amigo cumpriu o trato, mas ficou um tanto aborrecido.
E eu fiquei satisfeito, porque apliquei a volta do cipó de aroeira, no lombo de quem me bateu.

Dedicado a Flavin e aos galeguim de Antõnio Ulisses.

5 comentários:

  1. .

    Muito boa a historia das advinhações. Parabens pelo empate. hahahaha

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  2. Mundim como sempre enchendo a gente de sorrisos com suas histórias.
    Por isso gosto tanto de circular por aqui pelo Sanharol. A gente fica alegre sem fazer força. (risos)

    Abraço,

    Claude

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  3. Mundim meu caro prino,
    meu tio ZÈ Andre só mim chamava de
    prego baiter servia bem como nó de cana ou tamborete mas eu fujia do Antônio Ulisses para ele nem saber deste apelido,só anos depois nos encotramos e conversamos muito.
    Um abraço primo vei.

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  4. Pois é Luiz. Você podia até escapar de Antônio Ulisses, mas difícil era escapar de mim de
    Raimundo Sabino e até de seu pai
    Joaquim André.

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  5. Morais...
    Ótima e muito bem contada história.
    Tá esclarecido de onde vem o conhecimento de Raimundin e tio Antônio Ulisses sobre as família da nossa cidade...
    Obrigado Mundin...

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