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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 20 de agosto de 2013

AFINAL, PARA QUE SERVE RELIGIÃO? - Por Vicente Almeida

P O N D E R A Ç Õ E S:

Difícil é abordar esse tema inesgotável, sem ser condescendente com uns e deselegante com outros. Desculpem-me a sinceridade. Mas estou apenas ponderando.

Deus é a divindade que tudo criou e a tudo preside no universo. Possui milhares de nomes. Contudo, não importando o nome que lhe seja atribuído, nem a forma como é adorado. Continuará sendo o Princípio e o Fim, o Alfa e o Ômega, e cada um o encontrará segundo a sua crença. Ele entende perfeitamente nossas limitações.

A nossa parte inteligente, que subsiste a morte do corpo, recebe na nossa linguagem, várias denominações, inclusive alma ou espírito, segundo a crença de cada um. Qualquer que seja o nome atribuído ao ser inteligente, não mudará sua natureza nem sua finalidade.

Em Qualquer religião todos falam sobre o mesmo Deus, e todos são unânimes na crença de que nossos espíritos ou almas subsistem a morte do corpo. O problema é que cada uma, sem autorização do Criador, cria lugares definidos como céu e inferno, sendo um destes o destino eterno de seus seguidores, conforme a conduta vivida em menos de um século. Elas costumam impor uma lavagem cerebral por meio de conceitos místicos, sobrenaturais.

Cada pessoa, segundo sua fé, conhecimentos e até conveniências, adota a melhor forma de conversar com Deus. A esta opção, damos o nome de religião.

Fácil de ser induzido, o ser humano freqüentemente muda de religião. Quando ele faz isto por indução, é por que não compreende a divindade, e na religião que venha a adotar, normalmente estará buscando valores materiais e não dons espirituais. O ideal seria permanecer na religião de origem procurando entender seus princípios filosóficos. É importante observar que as religiões têm os mesmos vícios da política: Quem está do outro lado, é sempre oposição e estará sempre errado se não mudar.

As religiões cometem graves falhas, ao fugirem da sua finalidade principal que deveria ser o aperfeiçoamento moral de seus seguidores. Estão preocupados mesmo é com o volume do vil metal. E fugindo da sua finalidade, desvirtuam o conhecimento. Assim, a filosofia preconizada sofre acréscimo de informações irreais e incompatíveis com os princípios morais ensinados por Cristo.

o espiritismo, ou espiritualismo que muitos temem e até combatem por desconhecimento, não é uma religião. A religião divide as pessoas, o espiritismo une. O Espiritismo veio para esclarecer dúvidas que pendiam sobre a origem e a destinação do ser humano, bem como, os caminhos que o conduzissem à evolução. A sua filosofia é direcionada para o estudo mais profundo do ser inteligente, pensante, suas potencialidades, e as razões da sua existência. É também, o estudo da verdadeira natureza de Deus, em sua pureza, unicidade, onipotência, onipresença e misericórdia ilimitada, infinita. O Espiritismo Não possui templos, não faz prosélitos, não impõe qualquer condição aos freqüentadores das reuniões, não cobra quaisquer taxas, não estabelece normas artificiais.

As religiões antigas costumavam transformar Deus em um ser humano cheio de erros e maldades. Na antiguidade, o homem, era analfabeto, dedicado a agricultura, a criação animal e a guerra. Naquele tempo, prevalecia apenas, a lei do mais forte que Invadia, matava, dominava e escravizava o povo, além de se apossar de suas terras e seus bens. Segundo eles: ordenado por Deus que assim premiava a uns e desprezava a outros.

Para os seguidores de um Deus único, regras rígidas eram estabelecidas, e a Ele atribuídas como única forma de fazer com que aquele povo nômade, obedecesse a seus lideres religiosos. Ao atribuir a Deus essas regras, não percebiam que estavam transformando-o em um ser vingativo e prepotente.

Sendo Jesus Cristo seu enviado, não poderia mudar as regras estabelecidas por Ele. Ora, se mudou e deu novo sentido à vida, compreende-se que essas regras, eram apenas preceitos humanos, segundo a cultura, a compreensão e as crenças de cada povo sobre a divindade.

A partir da chegada de Jesus Cristo, e através de suas pregações, ficou evidente que o Criador não era rancoroso, nem vingativo, nem parcial, nem conivente em quaisquer ações humanas.

Jesus Cristo, único mensageiro do Pai, aboliu esses preceitos antigos que não traduziam a vontade dEle e implantou a boa nova. Mas não conseguiu até hoje, evitar a proliferação de inúmeras religiões, embora no Ocidente, seja Ele o centro das atenções.

Jesus sempre dizia que o que ele fazia, nós também podíamos fazer, bastava ter fé. E era verdade: Ele não foi o primeiro a multiplicar os pães, o profeta Eliseu já havia feito isto.

Uma grande parcela do povo que se diz religiosa, fala apenas do que ouviu dizer, e aceita a informação como verdade, sem se preocupar em raciocinar, questionar, ou pesquisar a origem daquilo que comenta.

Às vezes observo uma multidão saindo das igrejas ou dos templos evangélicos e penso “Como está o coração dessa gente em relação aos ensinamentos do “É dando que se recebe”, “Faça aos outros aquilo que queres que te façam” “ama ao teu próximo como a ti mesmo”. Será que eles vão mudar sua conduta para melhor?

Outras vezes chego a pensar que o ateu, é bem mais religioso do que aquele que se diz professar uma religião. O ateu é categórico, é sincero, mas aquele que segue a religião por hábito, está muito distante de Deus, inclusive por que, poderá mudar de lado conforme o toque da trombeta.

É improvável a existência da perdição eterna, como também é improvável, a existência da perfeição sem trabalho, sem amor, e sem sofrimento. O trabalho enobrece, o amor dignifica, o sofrimento lapida. Quem conseguir entender entenda!

O que transforma a pessoa não é a imposição da religiosidade, é o seu bom senso. A saúde, não provém desta ou daquela religião, mas, da nossa fé, da nossa sinceridade, da nossa demonstração de amor ao próximo. Quando procedemos assim, ficamos de bem com a vida e tudo melhora.

Na atualidade ainda precisamos de nos ligar a uma religião para encontrar Deus, mas, no futuro, adquiriremos tal grau de consciência, que o encontraremos em cada gota de orvalho, em cada folha, em cada criança, em cada ser vivo e principalmente dentro de nós.

Escreveu: Vicente Almeida

9 comentários:

  1. Prezado Vicente.

    Esté foi, sem duvida, um dos melhores textos que já li sobre o tema religião. Parabens.

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  2. Prezado Vicente Almeida

    Desejo lhe dar um forte abraço por tratar de um tema tão evitado pelo mundo moderno. Pela ausência de Deus no coração do homem é que vivevemos num mundo de violência, drogras, desagregação familiar, enfim todas as mazelas que possam ocorrer quando o coração do homem está embrutecido.
    Parabéns pela didática e excelente lição.

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  3. Vicente Almeida,

    Uma abordagem consciente e bem sedimentada, que supera as logomarcas religiosas, as quais se desoneram com disputas turvas e impertinentes.

    Parabéns!

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  4. Vicente,quem vai questionar com a sabedoria do teu texto? Agora eu queria assistir de testa um católico e um evangélico discutindo a reflexão da tua postagem.Um abraço

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  5. Caro Vicente, minha esposa a Íris já havia falado sobre seus textos sempre diferentes de assuntos relevante, mas surpreendeu-me o modo como fala com clareza e naturalidade de um assunto que a maioria evita falar, as vezes até por receio de mexer com coisas delicadas e com a opinião tão diversificada.
    Parabéns por mim e pela Íris que gosta tanto dos seus textos.
    Morandinha Nazareth

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  6. Amigo Vicente,

    Estou aqui me segurando, para não escrever laudas nesse comentário sobre esse seu belíssimo e provocador texto.

    O assunto é complexo demais para ser abordado assim. Você fez um relato gigantesco e condensou tudo em poucas linhas. Para cada linha dessas ai, necessitaríamos conversar MUITO! Muito mesmo.

    Cada pessoa fala apenas por si. Em meu caso, eu me considero um analisador das religiões e crenças, embora eu veja um Deus, e não misturo necessariamente com religiões criadas pelos homens, ditas reveladas que mais parecem delírios coletivos.

    O Deus em que eu acredito é muito diferente dessas concepções que alguns fazem de um deus de madeira, de procissões, de velas acesas, etc. Mas eu respeito isso.

    Deus pra mim é a energia do universo. É um ser inacessível à nossa inteligência e que cérebro humano nenhum consegue compreender a sua essência, apenas perceber os seus reflexos na obra que ele faz.

    O Universo não foi criado e ponto. Ele está constantemente sendo criado. Deus está em cada átomo, em cada elétron do universo, em espaços N dimensionais. É o Alfa e o Ômega. O TUDO. O princípio, o meio e o Fim. Somos seres de 2 dimensões tentando enxergar coisas tridimensionais. Impossível. Não misturo fábulas hebraicas repassadas de geração a geração por tradição oral com um messias prometido a um povo "escolhido" e que foi propagado pelos colonizadores espanhóis e portugueses para uma América Católica de europeus.

    Somos apenas pó das estrelas. Somos nada. Deus é um conceito infinito demais para minha pouca capacidade. Ele está em nós e nós estamos nele.

    Abraços,

    Dihelson Mendonça

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  7. Vicente, gosto muito do que você escreve mas essa postagem de hoje eu não vou comentar, apenas elogiar sua habilidade. Há 2 assuntos proibids chez Fafá: religião e política. Acho que você vai entender. Abraço Fafá

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  8. Vicente Almeida.

    Seu texto tem embasamento na doutrina espírita. E essa doutrina tem duas correntes: Os materialistas, no sentido de negar Deus, e que tem um dos seus expoentes o cearense, filósofo e pensador, Francisco de Farias Brito. E os espiritualistas que formam uma religião baseada no evangelho segundo o espiritismo ou o livro dos espíritas de Allan Kardec. O fato é que os espíritas leem muito e debater com um estudioso da doutrina espírita é preciso estar muito bem preparado, o que não é o meu caso. Mas, mesmo sendo Católico gostei do seu texto.
    Parabéns.

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  9. É...

    Morais, Carlos Eduardo, Sávio, Rolim, Valdir, Dihelson, Fafá e Francisco:

    Inicio agradecendo a vocês pelos comentários, recheados de palavras estimulantes.

    Falar sobre religiões, sem se tornar tendencioso a uma ou outra idéia carismática, não é tarefa fácil. Todas as que estudei, observei sempre uma idéia fixa de desfazer nas outras, e a isto eu vejo como divisão.

    Mas, devo reconhecer as limitações inerentes ao ser humano e respeitá-las.

    Reconheço a complexidade do tema abordado, e para apresentar publicamente este trabalho, levei apenas 50 anos de estudo.

    Na minha juventude questionava tudo, eram centenas de Por quês?.

    Com o passar dos anos, fui assimilando e compreendendo aquilo que sempre buscava “A verdade”.

    Esta minha verdade, é pessoal, sei que não corresponde a verdade de tantos outros e respeito a ideologia de cada um.

    Por outro lado, dificilmente tenho com quem discutir muitos parâmetros da vida na terra. As pessoas se apegam demais ao aqui e agora, sem nenhum aprofundamento.

    Esta postagem está embasada na busca da verdade. Aquela que jamais sofrerá modificações. E é verdade que sou um estudioso também do progresso metódico da vida espiritual.

    Este texto está destinado a todas as religiões, pois, nenhuma foi agredida, apenas me limitei a mostrar o que vivenciei, na teoria e na prática.

    Sou cristão. Não sou aquele tipo que acredita sem reflexão e cegamente, apenas por ouvi dizer.

    Participei de outros movimentos religiosos e doutrinários de onde tirei minhas conclusões.

    Um grande e fraterno abraço a todos

    Vicente Rodrigues de Almeida

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