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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

SEXTA DE TEXTOS – Sávio Pinheiro

A BURRINHA GASOLINA
Dedico ao escritor Flávio Costa Cavalcante

A cidade Várzea Alegre,
De Mundim e Clementino,
Palco de boas histórias,
Que desenham o seu destino,
Apresenta pra vocês
A ação de um cretino.

Esse fato aconteceu
Com um garoto adolescente,
Fedelho muito precoce,
Namorador pertinente,
Que sem nem entender a vida
Já Imaginou fazer gente.

Numa noite de domingo
Teve idéia original:
- Vou roubar a namorada
E levá-la ao matagal
Imitando a natureza
Como faz todo animal.

Da forma que imaginou
Ele o fez com esperteza,
Combinou com a sua amada
Mostrando delicadeza:
- Se o seu pai achar ruim
Seguirei pra Fortaleza!

Como haviam combinado
O seu plano se mostrou.
Num cavalo bem selado,
O seu amor, nele montou
E cavalgando na serra
Bom lugar, ele encontrou.

O pai da jovem donzela
Amalucado ficou.
Sem saber onde encontrar,
Onde o casal pernoitou,
Ficou tão atarantado,
Que o dia se findou.

Segundo dia de luta
A procura do impostor
O pai sem se orientar
Procura um vereador,
Este não ajuda em nada
Aumentando a sua dor.

No terceiro dia, então,
Refletindo, ao natural,
Procura a delegacia
Presta queixa, coisa e tal,
Conversa com o delegado
Confundindo o seu astral.

Delegado Antônio Costa
Sente-se na obrigação
Sendo padrinho da moça
Tinha que dar atenção
Pergunta do ocorrido,
Como foi a relação.

- Compadre Chico, me diga,
O que foi que sucedeu?
Conte-me bem detalhado
Como o fato aconteceu.
Quero saber os detalhes,
Que você entristeceu.

- Meu compadre Antônio Costa
Quero saber do senhor:
Já deu tempo desse traste
Deflorar a minha flor?
Pois cabra ruim, há três dias,
Deu uma de sedutor.

- Compadre e amigo Chico
Eu não sou nenhum vidente,
Mas grande interesse eu tenho
De lhe dizer, certamente:
Se o casal é jovial
O caso é muito evidente.

Quando eu muito cavalgava
E cumpria a minha sina
Gostava de passear
Na burrinha Gasolina,
Que faceira desfilava
Com trejeitos de menina.

Com a sua filha eu não sei,
Se algo de ruim se encerra...
Porém, a minha burrinha,
Que comigo escorrega,
Eu a amava três vezes,
Só na descida da serra!

Fim.

9 comentários:

  1. Morais,

    Se a Claude Bloc Boris contou um “causo” eu também posso contar o meu. Este acontecimento se deu com o avô do homenageado Dr. Flávio Costa Cavalcante, enquanto era o dirigente da Delegacia de Polícia de Várzea Alegre Ceará.

    Um Abraço.

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  2. Sávio, Alceu Valença já dizia: Esse amor verdadeiro...Amavam como dois animais.O delegado, a sua parceira tinha um nome muito sugestivo, Gasolina, já era quentura, isso despertava o seu instinto sexual.O jovem mancebo com toda sua carga hormonal pela sua idade e diante de uma bela princesa não ia ser diferente.

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  3. Dr. Savio.

    Essa historinha do nosso querido amigo Antonio Alves Costa, corre o mundo pela graça e pelo humor. O Delegado era sabio. Parabens a voce por resgatar estas proezas de nossa gente e não estranhe se dois colaboradores lhe faltarem com comentarios é que o João Pedro com os seus sete anos e a Thays com 12 não devem se meterem com questões desta natureza. E mesmo o Delegado já deu por resolvido a situação. hahaha

    Abraços.

    A.morais

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  4. Dr. Rolim,

    Realmente, o amor entre os animais sempre existiu. Mas, o delegado ter de por seu nome à prova num caso de zoofilia só para servir de exemplo para o compadre é deverasmente fantástico.

    Um abraço.

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  5. Morais,

    A história é bastante conhecida pelos conterâneos, mas que é hilária ela o é.

    Saudações.

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  6. Dr. Savio.

    Besteira essa de vovô. Pois o meu primo Yago já me contou essa historia do delegado Antonio Costa e no fim o verbo não era amar. Era outro.

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  7. João Pedro,

    A palavra amar entrou exatamente para se adequar ao Blog do Sanharol, pois a original, soaria mais pesada. Pergunte ao seu avô, que ele sabe lhe explicar melhor.

    Grato pelo comentário.

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  8. Essa engraçada história ficou ainda mais interessante nos versos do nosso poeta Zé Sávio...
    Adorei.
    Eu também fui delegado de polícia e busquei usar os ensinamentos e sabedoria do meu querido avô...
    KKKKKKKKKKKk
    Abraços

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  9. Flávio,

    O seu avô era um irreverente. Convivi muito com ele na rua Gonçalves Dias.

    Um abraço.

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