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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 19 de maio de 2013

LATARAL - Por Claude Bloc



Este foi um tempo imemorial. Nas férias, os primos vinham de Fortaleza para a Serra Verde e um dos divertimentos dos finais de semana era fazer "guisados" debaixo dos pés de juá, na beira do açude, ou em alguma casa desabitada. 

Na foto acima, estão alguns primos, irmãos e agregados. Mané Danta aparece ao fundo. Também pode-se ver Cícero eletricista, Dalvaní (irmã de Maria Alzira), Marisa Sobreira, Maria Branca, Maria Preta e a babá dos meus primos.

Nessa época, quando a turma toda se reunia, havia várias atividades e rituais de férias. Passeios a cavalo, banhos de açude, jogos de baralho... Caminhadas por dentro do mato, nas veredas das cabras, por dentro dos riachos secos. Enfim, mil coisas que só criança inventa. 

Um detalhe curioso que pretendo citar, é algo que pode ser observado nesta foto. Nas férias, éramos vorazes comedores de goiabada, bananada, marmelada e figada, além de biscoitos Pilar. Aqueles da lata grande com biscoitos sortidos. Mas a voracidade em relação aos doces tinha uma razão extra : a busca do prêmio que consistia na distribuição das latas por entre a meninada (feita hierarquicamente) - dos mais velhos aos mais novos. Cada lata de doce esvaziada recebia um dono. E a gente passava as férias inteiras comendo nessas latas. Depois do almoço era um "lataral" danado na pia da cozinha. Para nós era a maior graça na hora da refeição. Uma zoada de flandre velho que não acabava enquanto o último não saísse da mesa.


Claude Bloc

14 comentários:

  1. Claude.

    Se inventaram coisa melhor do que os guisados e pic nic, quem inventou guardou pra sim.

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  2. Ah como tenho saudade dos guisados de domingo, comprávamos as panelinhas na feira de sábado! A gente era feliz e não sabia, Claude, as crianças de hoje não curtem isso, quase todas moram em apartamentos, cidades grandes. Acho que os pais deveriam promover programas desse tipo. Um dia desse eu fui com uma turminha para a trilha do Cocó mas todos com medo porque é muito deserto mas como revivi o tempo dos pardais, de verde nos quintais.Parabéns pela bela postagem. Abraço Fafá

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  3. Blog do Sanharol, veja sua caixa de e-mail...tem um PPS para você e Vicente: "Saudade dos compadres", pena que a gente não pode colocar aqui no blog.Diante das mudanças meu espaço aqui se tornou muito limitado porque gosto de trabalhar com textos poéticos ilustrados com fotos mas não sei usar as novas ferramentas que o o blog utiliza.Ficarei mais afastada por essa razão. Lamentável mas respeito. Bom domingo!!!!

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  4. Claude,

    A Serra Verde estará eternamente verde na intimidade das suas lembranças, onde o verde da clorofila mistura-se ao verde da vila, na latada da vida recordada.

    Um grande abraço.

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  5. Pois é, Morais...

    Mas ainda é tempo de fazer... Vamos (re)inventar a moda???? (risos)

    Abraço,

    Claude

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  6. Fafá,

    Realmente éramos felizes e não sabíamos. Os tempos mudaram, as pessoas mudaram, o medo invadiu o mundoe ninguém mais sabe degustar esses momentos tão prazerosos na sua simplicidade.

    A nossa simplicidade era tanta que qualquer novidade, por menor que fosse, era motivo para festa, risada, gargalhadas... enfim, a gente "tirava o couro" uns dos outros,numa folia saudável e isso era mote para as férias inteiras.

    Um abraço,

    Claude

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  7. Dr. Sávio

    Acertou em cheio. As vivências foram tantas e pontuadas de tanta alegria que não dá pra deixar cair no esquecimento.

    Minha vida urbana não apagou as lições de vida e a noção de simplicidade que essa vida nos matos ensina e traz em sua trajetória.

    Abraço,

    Claude

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  8. Claude,

    Quando digo que você retra o sertão como poucos, é a pura verdade.

    No meu sertão o que muda é o prato, pois lá era a peixada, com o peixe fresco, pescado na hora. Fazíamos o pirão de peixe com farinha vinda do Crato. Como sobremesa, a rapadura docê da Serra Verde. Não resta dúvida que nós éramos felizes e sabíamos.

    Um grande abraço, e continue nos deliciando com belos textos.

    Raimundo Nonato Rodrigues, o paraibano.
    João Pessoa/PB

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  9. Prezada amiga Claude Bloc.

    Ler um texto seu e não ficar estimulado a escrever sobre, é não se tocar das maravilhas da nossa terra. Você conta suas histórias com se estivesse criando um roteiro cinematográfico. As pessoas citadas no texto nos parece familiar porque, tudo que é original é universal. Já disse um dia um crítico literário que se você quiser ser universal comece pelo quintal da sua casa.
    Parabéns e obrigado, por ter me proporcionado o prazer, de viajar em seu texto.

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  10. Nonato,

    Eu estava sentindo sua falta por aqui e fui brindada com sua presença também no Cariricaturas, comentando o texto de Dr. José Flavio.

    Onde você andava, menino de Deus?

    Bom, o que vale é sua presença hoje aqui no Sanharol me trazendo sua gentileza costumeira.

    Mas olha, um peixinho com pirão de farinha do Crato é bom demais.

    Quem sabe um dia eu vá rever seu pai aí na Paraíba e aí você possa me oferecer um peixinho desse à moda do sertão paraibano, né? (risos)

    Não desapareça...

    Abraço,

    Claude

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  11. Meu amigo Francisco,

    Fico muito contente quando uma pessoa me diz que gostou de ler o que escrevi. E quando isso proporciona uma viagem pelas idéias que transmiti, duplica minha alegria.

    Para você ver, eu nem ia escrever muita coisa relacionada a essa foto, mas o texto foi saindo e acabou crescendo até chegar ao que chegou.

    É um texto simples, resultado das lembranças que foram aparecendo, mas aí, tudo é verdadeiro, até o nome das pessoas.

    Eu é que tenho que agradecer tamanha gentileza de sua parte.

    Abraço,

    Claude

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  12. Valeu Claude, prometo que vou estar mais presente. Dei uma lida no texto, primoroso como sempre, do Dr. José Flávio, , mutatis mutandis, parece muito com a enchente do Canal do Rio Grangeiro ocorrida recentemente.

    Raimundo Nonato Rodrigues, o paraibano.

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  13. otimo texto,uma lembrança rica em alegria e felicidade ...quem viveu essa epoca e ler esse texto com calma sente ate o cheiro dessa comida ,o cheiro de mameleiro molhado,o pé de jurema verdinho ...parabensss claude bloc uma viajem no tempo ednaldo morais

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