Crato, tradicionalmente, elegia representantes a Câmara dos deputados e a Assembleia Legislativa, até o descalabro das eleições de 1990, quando não elegemos ninguém. Tivemos figuras atuantes na Câmara e na Assembleia. A Escola Agrotécnica de Crato foi uma das grandes conquistas do então deputado federal Dr. Antônio de Alencar Araripe. O hospital São Francisco e sua Maternidade foram frutos do trabalho fecundo do então deputado federal Joaquim Fernandes Teles. O Colégio Estadual foi iniciativa do Dr. Wilson Gonçalves , quando vice governador do Ceara. Alem de vice-governador foi deputado estadual e senador da Republica.
Nossos prefeitos, mormente no passado mais remoto, sempre procuraram acompanhar este ritmo de conquistas, de progresso e de desenvolvimento. Lembro-me, agora, das marcantes festividades do Centenário da Cidade do Crato, em 1953. Naquela época, prestigiada e opulenta, Crato conseguiu trazer a sua memorável Feira de Amostras, na Praça da Sé, personalidades ilustres do porte de Café Filho, Ademar de Barros, José Américo de Almeida, João Goulart, merecendo, aquele avento histórico, registros e reportagens destacadas na imprensa brasileira. Da escritora Raquel de Queiroz a cronica em O Cruzeiro, sob o título consagrador: A Nobre Cidade do Crato. Em 1964, nas comemorações do Bicentenário do Município, o Crato recebeu a visita honrosa do Presidente Castelo Branco.
No passado, o que acima foi narrado. No presente o imprevisível. O Inaceitável. A crise avassaladora. Como o Crato mudou. As tricas e futricas, dos nossos politicos inábeis arrastaram a nossa terra a trista e deplorável situação de crise dos dias atuais. Como todos os problemas, ela tem as suas causas, suas raízes, suas consequências danosas. Passamos de lideres e liderados, muitas vezes sob ameaças veladas a nossa própria soberania. No passado foi pujante a nossa grei de intelectuais. Deste clã cultural muitos faleceram. Quem, por ventura, os substituiu? Outros premidos pela ambição e incompetência de alguns, partiram para continuar brilhando noutros centros desenvolvidos do pais. Quem, por ventura os substituiu? Outros, ainda, por circunstancias varias, foram atirados ao ostracismo, injustiçados, perseguidos e até caluniados. Quem, por ventura, os substituiu?
Os valores de ontem, em alguns casos bem evidentes, foram substituídos por aventureiros despreparados que se aproveitam de alguns meios de comunicação para tratar com piadinhas e sandices os problemas sérios do Crato e da sua sofrida comunidade.
A capital da cultura, a Princesa do cariri, a Nobre Cidade do Crato, o Município Modelo do Ceara, sempre foi prestigiado e respeitado. Ninguém ousaria pisar no pé de sua gente sem revide a altura. Ninguém ousaria repito, ser intransigente, quando os interesses maiores da cidade estivessem em jogo.
Hoje vemos, com tristeza e amargura, a proliferação de chefes e chefetes politicos, useiros e vezeiros da arte de fabricar divergências prejudiciais ao desenvolvimento da terra. Nessa área politica ninguém se entende. A confusão e os desatinos se generalizam de maneira intensa e lamentável.
No tempo em que as grandes decisões do Crato eram tomadas por apenas dois honrados cidadãos cratenses e respaldadas pelo povo, Filemon Teles, da UDN e Pedro Felicio, do PSD, a nossa terra era respeitada e progressiva.
Este texto foi transcrito do Livro Andanças e lembranças do Osvaldo Alves de Souisa publicado em 1999. Continua atualissimo. A mais pura verdade.
ResponderExcluirOsvaldo era um homem lúcido, amante de sua terra.
ResponderExcluirMorais: mais do que uma boa postagem. Um resgate dos fatos históricos de Crato dos anos 60.
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