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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

SAUDADE AZUL - Por Xico Bizerra


Estava branco de saudade até que uma borboleta multi-colorida pousou sobre sua tristeza. E trouxe-lhe notícias daquela que lhe provocava tamanha dor, agora tão distante dali. 

A partir daquele instante, cabeça, tronco, membros e alma se azularam de um azul tão celestial que foi como se ela estivesse voltando, já chegando, dali a pouco. Clareou-se o céu, as nuvens pararam de se movimentar e de formar bichinhos esquisitos no céu e toda a sua atenção concentrou-se na estação do voltar, para a chegada de seu bem querer. 

No delírio, mil beijos, mil bocas, mil palavras. Em pouco tempo, escurecido o tempo, foi-se a borboleta, foram-se os sonhos. E os mil beijos que poderiam ter o mesmo sabor bom da mesma boca beijada mil vezes converteram-se em mil silêncios, em centenas de escuros no peso daquela alma tão saudosa.

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