Dedicado a Zè Maguim.
Na década de 60 tio Chico André fez uma plantação de arroz no seco na localidade denominada Ronca. Encarregou os filhos Pedrinho e Bile para pastorar dos passarinhos. Próximo da área o meu pai fez o mesmo e eu fiquei encarregado de fazer o mesmo serviço. Entre as duas plantações tinha uma frondosa oiticica e nós passávamos o dia na sombra enquanto as casacas de couro faziam a festa. Um belo dia Frazo do Garrote se achegou ao local, se abancou no chão e começou a desenhar, na terra, o ferro, a marca de marcar gado ou animais. Fez o primeiro e perguntou se nós sabíamos de quem era: afirmamos que não. Ele todo fogoso disse: Esse é de Zé de Freitas do Arapuá. Fez o segundo, não sabíamos também, e ele afirmou ser de Né do Canto. E assim vieram vários outros.
Pedrinho de tio Chico amaciou a terra e com um graveto fez o desenho de um ferro, o objeto com o qual se faz menino, e, perguntou se Frazo sabia que ferro era aquele. Frazo se ofendeu e fez fincapé no giro de casa. Eu avisei - meninos, se preparem que vai ter choro.
Em pouco tempo Tio Chico André apareceu assobiando uma vaneira, possou sem nem olhar em nossa direção, aqui e acolá se abaixava, olhava as covas das plantas e nada de arroz, só as cascas deixadas pelas rolinhas caxexas.
Por Fim chegou no aceiro da roça puxou uma imbira de salsa dobrou em quatro voltas e meteu peia no lombo dos meninos. Era uma lapada em Pedrinho outra em Bilé, e, sempre perguntando: vocês estão aqui para pastorar o arroz ou pra fazer ferro pra Frazo do Garrote. Quando em cheguei em casa o velho estava esperando com o cinturão, foi minha vez, a peia cantou divera.
Zé Maguim.
ResponderExcluirNesta epoca não tinha Conselho Tutelar nem Estatuto da Criança e do Adolescente. Nesta epoca não se criava deliquente não, os exemplos vinham de cima. Os filhos aprendiam com os exemplos dos pais, nunca com o que eles diziam.
Abraços.
Um dia Picoroto perguntou: Compadre Xandoca, esses teus filhos são tão bons e é porque nunca vi voce dar uma pisa em nenhum deles! Xandoca respondeu: Eu nunca pude dar um bom presente, não era uma pisa que eu ia dar.
ResponderExcluirNaquele tempo, velhos tempos, os pais não amavam menos seus. Havia conselho dado na teoria e na prática. E uma lapada bem dada era a psicologia aplicada. E os pais não falamn mais que uma vez. E muitas vezes nem falava, apenas olhava e os meninos e meninas obedeciam. Pe Zezinho fala em Utopia sobre esse tempo ido.
ResponderExcluirUm abraço caloroso de quem não aprontou muito por medo da imbira de salsa ou cipó de marmeleiro!
Moraes,
ResponderExcluirTeve uma vez que "pai saró" pegou os meninos (acho que ti pedo tava no mei de novo) pq eles tavam furando umas melancias...só que dessa vez foi com a corda do "baldo de puxar água".
Aquela terra lá onde tem a "oiticica" no RONCA de Joaquim Diniz...tem uma "impueirazinha" ..."pai saró" e pai "me deram" prá plantar...eles plantavam e o "mato comia"...rs
A área era de aproximadamente 1,2 tarefa...em 1991 distoquei, semeiei e cuidei de forma que o O MATO NÃO "COMEU" A MINHA LAVOURA...
O inverno daquele ano foi muito bom e eu tirei aproximadamente 30 quarta de arroz pingo de ouro...
No ano seguinte plantei a mesma área...o inverno foi mais ou menos e eu só consegui 14 quarta...
No outro ano veio a seca e só tirei 4 quarta...
A ANGÚSTIA ERA MUITO GRANDE PELA PERDA DE SAFRA...A VONTADE ERA DE FAZER O MESMO QUE RAIMUNDO BITU (PADIM) FEZ...ABANDONAR A PROFISSÃO.
daí resolvi me especializar em irrigação e drenagem...rs
MAIS OLHA SE ISSO LÁ ERA MARCA DE SE REGISTRAR...O CABÔCO SÓ PUDIA ERA JUNTAR BRABEZA MESMO...
ResponderExcluirPEDIM
Realmente pai nunca bateu na gente. Ele falava que "se não podia dar um brinquedo ou uma roupa boa, um sapato bom que a gente queria, também não ia dá o a gente não queria"
Esse fato acontecido tinha que ter a participação de Frazo do Garrote, o homem mais fuxiqueiro e fofoqueiro da comunidade do Sanharol. Pedrinho, Bilé e Morais por conta da salsa e do cinturão vão com certeza mandar celebrar uma missa para ele.
ResponderExcluirFrazo do Garrote soltou um peido nas proximidades da casa de Manoel do Sapo, o barulho foi tão alto que acordou João do Sapo e dona Solidade que se encontravam dormindo em sua residência, no Sanharol.
MORAES,
ResponderExcluirUM CARÃO DE PAI SARÓ, OU DE TI JOSÉ, DOÍA MAIS DO QUE A SURRA COM AS "IMBIRA".
EMBORA HOUVESSE, EM ALGUNS CASOS, CERTOS EXAGEROS, "A TURMINHA" APRENDIA ERA CEDO A RESPEITAR OS MAIS VELHOS.
Prezado Zé Maguim.
ResponderExcluirA historia é verdadeira, mas merece uma correção. As embiradas não existiram. Tio Chico André foi o pai, tio, irmão e o avô mais carinhoso do mundo. E tem mais, quem merecia umas embiradas era o Frazo do Garrote.