Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 24 de maio de 2011

Um opúsculo oportuno e necessário -- por Napoleão Tavares Neves (*)

Do jornalista e escritor Armando Lopes Rafael, recebi e li o seu interessante e oportuno opúsculo Dr. Leandro Bezerra Monteiro – Centenário de Falecimento (1911-2011), biografando o grande cratense que foi líder católico e entusiasta monarquista.

Bacharel em Direito e neto do célebre Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro – contrarrevolucionário da Revolução Pernambucana de 1817 no Crato – o biografado de Armando Lopes Rafael foi um cratense de escol, infelizmente desconhecido das atuais gerações. Dr. Leandro Bezerra Monteiro (foto ao lado) iniciou sua carreira política em Sergipe, chegando a Deputado Estadual e, depois, Deputado Federal, migrando depois para o Rio de Janeiro, como era habitual naquela distante época. No Estado do Rio, teve destacada atuação na cidade de Paraíba do Sul, inclusive com intensos trabalhos sociais e jornalísticos.


Como Deputado Federal, teve destacada atuação na célebre “Questão Religiosa”, afetando a Igreja Católica e a Maçonaria com o sacrifício do virtuoso Bispo de Olinda, Dom Vital (foto à esquerda), sobretudo em 1873, quando Dom Vital foi preso e condenado a trabalhos forçados por imposição governamental do Visconde do Rio Branco (foto abaixo, à direita) , pertencente à alta cúpula do Governo Imperial.

Devo dizer que sempre tive especial interesse em estudar os meandros da “Questão Religiosa” nos tempos em que a Igreja Católica fazia parte do Estado no Brasil, tempos sombrios para a Igreja, quando os bispos e o clero, em geral, eram monitorados pelo Governo. A “Questão Religiosa” foi fruto deste tempo, quando a política interferia nas decisões da Igreja. Hoje em dia poucos se interessam por estes temas tão brilhantemente enfocados no opúsculo em tela.

Portanto, quem quer que queira saber tudo sobre a célebre “Questão Religiosa” que monopolizou os debates do Parlamento Brasileiro no fim do século XIX, não precisará mais consultar tratados políticos, mas, apenas, comodamente, ler as páginas 7 e 8 do opúsculo de Armando Rafael, Dr. Leandro Bezerra Monteiro, que enfoca tudo resumidamente e com admirável lucidez. Didática é ali!

Devo dizer que o grande Bispo de Olinda, Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, virtuoso frade capuchinho, faleceu de traumatismo moral pela dura pena que lhe foi imposta pelo Visconde do Rio Branco, e somente foi anistiado por Dom Pedro II em 1875, e graças à interferência da sensibilidade da Princesa Isabel.

Solicito, encarecidamente, não confundirem o Visconde do Rio Branco com o Barão do Rio Branco, este sim, de inconfundível grandeza cívico-moral. Sempre repito: a “Questão Religiosa” foi a grande mácula do Governo Imperial do Brasil, infelizmente hoje pouco conhecida. Agora, sim! Igreja para cá, Estado para lá.
(*) Napoleão Tavares Neves é médico. Historiador, memorialista, cronista e escritor com vários livros publicados. Reside em Barbalha (CE).

5 comentários:

  1. Armando Rafael

    Essa é uma area que você domina muito bem, parabéns! Diferentimente das questões políticas da atualidade em que sua opinião não parece ganhar eco no blog, tendo apoio apenas de alguns gatos pingados. Mas uma coisa devo lhe elogiar tens coragem de publicar o que pensa. Nisso empatamos.

    ResponderExcluir
  2. Francisco Gonçalves de Oliveira:

    Se minhas outras opiniões não ganham eco por aqui, por que o nobre varzealegrense insiste tanto em refutá-las sempre que eu as manifesto?
    Basta ver uma postagem -- feita pelo administrador do Blog sobre a multiplicação dos bens de Palocci -- onde eu dei minha opinião contrária à corrupção da "petralha" e o Sr. fez inúmeros comentários divergindo dos meus...

    ResponderExcluir
  3. Armando! Armando! Armando!


    Eu não posso fazer defesa do Antonio Pallocci porque não sou advogado. Emito simplesmente minha opinião. Agora até onde eu sei você está julgando o homem antes de sua condenação. Prudência é a maior virtude de um homem!

    ResponderExcluir
  4. Numa rodinha de conversa, lá pelo interior de Várzea Alegre, pessoas simples comentavam sobre as novas denúncias contra Palocci. Um deles disse:

    -- É aquele do “caseiro”? Mas só podemos julgar quando for apurado que ele roubou!

    Os outros comentaram:
    -- Cesteiro que faz um cesto faz um cento!
    -- Onde há fumaça, há fogo!
    --No tempo de Itamar Franco teve uma denúncia. Ele afastou o ministro para que o acusado se defendesse fora do governo. Por que a presidente não fez o mesmo?
    -- Já tão dizendo que a culpada foi a Prefeitura de São Paulo que vazou informações sobre o apartamento e escritório comprado pelo Ministro Chefe da Casa Civil...
    -- Ora, eu acho que faz parte do projeto de se acabar com a pobreza no Brasil. Palocci é um patriota cumprindo a cívica missão de enriquecer. Se o homem ficou mais rico, melhor.
    -- É melhor a gente mudar de assunto, pois isso não vai dar em nada...

    Moral da história: Até nos sítios do interior nordestino o povo é bem informado e não é tão tolo como se apregoa...

    ResponderExcluir
  5. Armando Rafael

    O Michel Temer é vice presidente da república, tivemos também Ulisses Guimarães que como presidente da câmara assumiu a presidência da república. Houve até rumores de que era ele o verdadeiro substituto de Tancredo Neves e não José Sarney, vice de Tancredo. Bem, o que tem a ver tudo isso com o Palocci? É que todos citados são, assim como Antônio Palocci, paulistas. E o que vejo é um preconceito contra São Paulo devido ao movimento armado de 32, e agravado com a instituição do dia 09 de Julho como o dia da Revolução Constitucionalista de 1932. Aquela rebelião tem fortes indícios de ter sido um movimento separatista, a colonia italiana, em São Paulo, chegou a levantar bandeira da Itália no centro de São Paulo, mas minha pergunta é: Quando é que o resto do Brasil vai acreditar que aquela aventura não se repetirá jamais! Acredito que seja por isso que querem fritar Antônio Pallocci, pois sabem que ele é um forte candidato, num futuro próximo, à presidência da república.

    ResponderExcluir