Mais do que assentado numa teoria do poder, o PT se sustenta numa fantasia que, em muitos aspectos, as esquerdas tradicionais diriam até bastante “reacionária”. E que fantasia é essa? Vamos à receita:
a) o “oprimido”, o “povo”, deve se organizar em movimentos sociais.
b) os movimentos sociais devem formar um partido, que vai disputar o poder para arrancar concessões das elites.
c) uma vez no comando do estado, esse partido se incumbirá, claro!, de implementar medidas que melhorem um pouquinho a vida do “povo”.
Mas atenção! Os “pobres” e “oprimidos” têm de continuar a representar o seu papel de “pobres” e “oprimidos”. É essa condição que lhes confere uma identidade política e uma identidade social. O petismo não se propõe a pôr um fim à pobreza; pretende, isto sim, é fazê-la orgulhosa de si. Afinal, como manter o enredo eliminando seu protagonista? O protagonista do PT é o pobrismo.
Esse modelo supõe a existência de um demiurgo, alguém que seja capaz de se apresentar como aquele que saiu de baixo e tem capacidade de transitar no mundo das elites. Essa fantasia é a expressão popular de um partido que hoje congrega poderosos interesses de corporações e vive uma obvia crise de liderança por força da circunstância: Lula não pôde disputar o terceiro mandato consecutivo.
Reinaldo Azevedo.
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