Valeriano que não batia bem da bola, vivia
Teve um ano que Valeriano pediu a Bizim uma tarefa de terra no Buenos Aires para plantar de meia. Roçou, fez cerca, e plantou: Milho, feijão, jerimum, melancia e algodão. Fez tudo que faz um bom roceiro.
Como foi um ano bom de inverno a roça prosperou, só que os jerimuns e as melancias os cabras da Caiana furtaram. O milho e o feijão ele colheu no tempo certo e dividiu com Bizim. Ficou na roça apenas o algodão já todo com bilotos.
No final de julho o algodão abril que a roça mais parecia um prato de coalhada. Mas Deus dá com as mãos e o diabo tira com os pés. Numa noite lá, que já não era mais nem tempo de inverno, deu umas trovoadas , com raios e relâmpagos e um raio escolheu entre mais de trezenas tarefas de algodão, logo o de Valeriano. Quando amanheceu o dia aquela roça que antes parecia um véu de noiva, tava parecendo mais um fundo de um taxo.
Chegaram os curiosos começaram a comentar com tristeza e um deles mandou chamar Valeriano na rua do Capim. Quando Valeriano chegou que viu a roça toda queimada, sentou-se num tronco de aroeira que tinha sido poupado pelo raio baixou a cabeça sobre os joelhos e começou a falar indignado:
- Mais Cuma é qui pode? Eu prantei essa roça cum todo coidado, tive tanto trabái, quando acabar acuntece uma disgraça dessa. Premêro foi os cão da Caiana qui robaro os girmum e as melancia. E agora vei essse condenado e atiou fogo no meu algodão, qui eu já ia cumeçar a catar amenhã. Mais tombém tem uma coisa, se eu pegar esse infiliz eu faço ele ingulir essa terra misturada cum a cinza. Basta eu saber quem foi o safado qui fez isso.
Fático Fiusa que estava presente, notando que Valeriano não tinha a menor condição de entender os fenômenos da natureza, tentou explicar:
- Tenha calma Valeriano! Isso só pode ter sido coisa do Divino.
Valeriano levantou a cabeça, abril os olhos e interrompeu Fático dizendo:
- Apois onton-se, vá dizer a Divino de Quilicero qui eu vou me vingar dele viu? Eu vou amarrar um ispeto na ponta duma taboca bem cumprida e ficar de tucáia ali no corredor das Melosa. Aí quando ele for passando eu dou uma futucada e adispois eu corro pra sisconder na casa de Leó lá no Riacho do Mei.
Reprisado para os novos do Blog.
Uma boa reprise.
ResponderExcluirMuito boa, Mundim. Saudades amigo.
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