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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ser
 - Claude Bloc -


Ela não tinha mais certeza dos seus últimos passos. Ainda assim, lhe assolava aquela confiança amofinada de que voltara. Era julho, a noite estava fria e a saudade tornava a escorrer pela cidade em tons de cinza. Da mesma forma como a vida que acreditava ter em mãos.

Pouco a pouco, tudo que era música se convertia em suspiros contidos. Tudo que era movimento, não mais podia ter razão de ser. Naquele momento, havia apenas um sentimento - o fato de reconhecer-se só e mesmo assim poder apanhar para si a mais simples verdade: era feliz! 

Considerava que aquela respiração ofegante, ainda era respiração. Mas isso não era um privilégio!  Bastava ser. Ser apenas. Humana! De sonhos e de vento, de sorriso, e de nostalgia. O todo que se torna igual, o pouco que se diferencia. O todo em sua essência, o pouco em sua superfície.

E como a vida, um dia o todo se mostra. Nunca tão simples, nunca tão doce, nunca tão concreto, mas buscando apenas ser. Ser humana!

Claude Bloc 

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3 comentários:

  1. A prosa-poética da Claude é como o sopro de Deus. Nos faz refletir, sentir e ser. Um abraço.

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  2. Pois é, Sávio, a prosa-poética nos faz sobretudo SER.Abraço,
    Fafá

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  3. CBB,
    Nesses momentos que nunca se foram...
    São como luz nas aquarela,pintadas a ouro
    Resplandecem teu riso e teu meigo jeito
    De olhar distante, mas ali refeito
    Da alegria e pensamento incógnito
    E cujo momento reconfortante é recomposto
    Permanecendo para sempre o rosto,
    Prisioneiro perene da retina.
    JAT

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