Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 23 de julho de 2011

De "João Cotoco" ao Obelisco do Centenário, a trágica história dos monumentos de Crato -- por Armando Lopes Rafael



Hoje passei em frente aos tapumes que escondem as obras de reforma da Praça Juarez Távora, mais conhecida como Praça São Vicente. É nisso que dá os vereadores ficarem mudando denominações de logradouros já batizados pelo povo. Os nomes oficiais não caem no gosto da população e sempre prevalecem as denominações populares. Outra praça de Crato – a de Cristo Rei, também conhecida como Praça dos Pombos -- é outro exemplo. Ninguém a conhece pela denominação oficial, que é Praça Francisco Sá.
Mas, voltemos à reforma da Praça São Vicente, ou Juarez Távora como foi denominada pelos vereadores cratenses há mais de sessenta anos. Quem passa por lá, apesar dos tapumes, já vê, novamente, o Obelisco do Centenário -- um dos poucos monumentos desta bicentenária cidade – tão pobre em monumentos públicos. O obelisco, lá existente, estava -- há longos anos -- escondido pelos galhos de duas mal localizadas mangueiras. Quando a reforma for concluída o teremos de novo visível, alvacento e altaneiro, como lá foi erguido no já distante 1953...

É comum ouvirmos esta reclamação: Crato, com 247 anos de existência, possui poucos monumentos públicos. Parece até uma maldição! Criada como vila em 1764, somente em 1903, 140 anos depois, foi erguido, na Cidade de Frei Carlos, o primeiro monumento público. Tudo aconteceu assim: em 1903 o governador do Ceará, Pedro Borges, enviou a todos os prefeitos cearenses um pedido para que a tentativa de colonização do Ceará – ocorrida em 1603, epopeia feita por Pero Coelho – fosse solenemente comemorada.

O então prefeito de Crato, Coronel José Belém de Figueiredo, mandou construir um busto do colonizador do Ceará – Pero Coelho – e o colocou na Praça da Sé. Como artista contratou, para tal empreitada, o Mestre Santos, artesão bastante conhecido nesta cidade, àquela época.

Deixemos com a palavra o escritor e poeta José Alves de Figueiredo, que publicou crônica a este respeito, inserida no livro “Ana Mulata”, de sua autoria:

“A obra de Mestre Santos, executada talvez, sob mau signo, veio coberta de azar, traduzindo perfeitamente a fatalidade que pesou sobre a cabeça de Pero Coelho, em vida, e que vem influindo sinistramente, no destino do povo cearense. Exposta aos olhos do público, um moleque batizou-a com o nome pouco reverente de João Cotoco, e a maledicência da rua adotou-a com satisfação.
Com este pouco auspicioso começo, rápido e funesto foi o seu fim. Logo nos primeiros meses de inverno, o choque de duas eletricidades contrárias produziu um raio que, desprezando os dois

prédios próximos, muito mais altos, e a elevada torre da Matriz, caiu sobre João Cotoco, deixando-o, com o seu pedestal, em fragmentos”.
Eis aí a história do primeiro monumento público de Crato!
(Texto: Armando Lopes Rafael)

3 comentários:

  1. Moro na cidade de Crato 9ADORO ESTA CIDADE0 não conheco profundamente a sua história... Mas é preciso valorizar essa história, as suas raízes e engrandecer vervalmente aquilo que tem de melhor. Crato tem uma história linda e grandiosa vamos enalnecê-la. a cRATO MERECE!!

    ResponderExcluir
  2. Prezado Assis Costa.

    Muito abrigado pela visita e pelo comentario. Seu comentario agrega valor a esta postagem do Armando a respeito de parte interessante da historia cratense.

    Abraços.

    ResponderExcluir