Pajeuzado de emoção e caririzado de saudades lembro desse sertão arrodeado de lua por todos os lados. Do terreiro onde se escuta a voz do vento moxotizado vindo de não sei onde para refrescar a tarde teimosa e araripense que não quer virar noite. E quando esta chega, ah, aí dá pra sentir que o paraíso foi inventado ali por perto, que o Criador se inspirou naquele lugar prá se motivar a criar o céu. Tivesse ele ficado por ali mais um tempinho, teria colocado Adão e Eva naquele terreiro sem maçãs e sem serpentes, com luz, sol e um vento que canta quando o sol, vencido pelo cansaço, veste o pijama e vai dormir. Deixem-me balançar nesse terreiro, deixem passar as galinhas por sob a rede, não impeçam que o cachorro lata quando passar alguém na estrada. Deixem o sol ser preguiçoso, como sou. Deixem tudo. No céu pode tudo.
"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
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Xico.
ResponderExcluirEsta casinha parece as da Malhada. Lendo o seu belo texto ouve-se até o flabelar das folhas da palmeira babaçu. Muito bonito e prazeroso de lê.
Abraços.