Essa quem me contou foi o músico Pedro Souza de saudosa memória.
Em janeiro de 1958, Laura da Formiga plantou um roçado de duas tarefas de arroz no baixio de Antônio do Sapo. Com algumas chuvas o legume nasceu e cresceu até a altura de um palmo, a folha de um verde escuro era a coisa mais linda para os olhos de um agricultor.
Laura dizia:
- Isso aqui com fé em meu São José é arroz pra mais de quinze quartas.
A chuva foi diminuindo até que parou total. Laura esperou até o dia de São José padroeiro do Ceará e nada. A palha murchou,secou e o vento carregou deixando só o tronco esperando pelo milagre das chuvas para se recuperar.
Laura tava se lamentando quando chegou Vicente Totô dizendo que se ela roubasse um santo a chuva retornava.
Foi aí que Laura perguntou:
- E é? Apois eu vou robar logo é São José, que eu sei onde é que tem um.
Quando foi à noite Laura foi na casa da sua prima Bárbara começou a conversar quando sua prima foi coar um café ela foi no santuário e afanou São José que estava ao lado de são Pedro. Pegou o santo enrolou numa rodia disfarçou por ali, depois levou para casa. Mas passou uma semana e nada de chuva.
Quando ela perdeu as esperanças pegou o santo e saiu para o roçado. No caminho cortou logo um cipó de marmeleiro e levou junto. Chegando na roça pegou o santo pelo pescoço começou a esfregar a cara dele nos troncos do arroz dizendo assim:
- Tá vendo o sirviço qui você fez? Eu plantei essa rocinha junta cum João meu irmão nós limpamos cum todo gosto,quando acabar você deixa acontecer uma desgraça dessa. Eu vou lhe dar umas cipuada que é prumode você aprender. Ta escutando?
Enquanto Laura açoitava o santo, João da Formiga foi chegando na margem da roça dizendo:
- Mas Laura, quem manda chuva pra nós num é São José não. É São Pedro.
- E é?
- É.
- Pruquê você num dixe logo? Apois eu vou deixar esse sem futuro lá no santuário de Barbinha e trazer aquele outro sem futuro amigo dele, qui é prumode eu fazer o mermo sirviço. E tem mais uma coisa. Eu só vou ficar cum pena é das cipuadas qui eu errar e pegar
no chão.
Eu não sei dizer aqui se houve retaliação dos santos porque eu acredito que eles não são vingativos. Mas o ano de 1958 foi um dos mais secos da terra do arroz.
Mestre Pedro, além do bom músco que foi, era também um excelente contador de causos. Contava suas histórias imitando a voz de todos os personagens. E o mestre Pedro não penteava.
Reprisado para Liêda Souza.
Em janeiro de 1958, Laura da Formiga plantou um roçado de duas tarefas de arroz no baixio de Antônio do Sapo. Com algumas chuvas o legume nasceu e cresceu até a altura de um palmo, a folha de um verde escuro era a coisa mais linda para os olhos de um agricultor.
Laura dizia:
- Isso aqui com fé em meu São José é arroz pra mais de quinze quartas.
A chuva foi diminuindo até que parou total. Laura esperou até o dia de São José padroeiro do Ceará e nada. A palha murchou,secou e o vento carregou deixando só o tronco esperando pelo milagre das chuvas para se recuperar.
Laura tava se lamentando quando chegou Vicente Totô dizendo que se ela roubasse um santo a chuva retornava.
Foi aí que Laura perguntou:
- E é? Apois eu vou robar logo é São José, que eu sei onde é que tem um.
Quando foi à noite Laura foi na casa da sua prima Bárbara começou a conversar quando sua prima foi coar um café ela foi no santuário e afanou São José que estava ao lado de são Pedro. Pegou o santo enrolou numa rodia disfarçou por ali, depois levou para casa. Mas passou uma semana e nada de chuva.
Quando ela perdeu as esperanças pegou o santo e saiu para o roçado. No caminho cortou logo um cipó de marmeleiro e levou junto. Chegando na roça pegou o santo pelo pescoço começou a esfregar a cara dele nos troncos do arroz dizendo assim:
- Tá vendo o sirviço qui você fez? Eu plantei essa rocinha junta cum João meu irmão nós limpamos cum todo gosto,quando acabar você deixa acontecer uma desgraça dessa. Eu vou lhe dar umas cipuada que é prumode você aprender. Ta escutando?
Enquanto Laura açoitava o santo, João da Formiga foi chegando na margem da roça dizendo:
- Mas Laura, quem manda chuva pra nós num é São José não. É São Pedro.
- E é?
- É.
- Pruquê você num dixe logo? Apois eu vou deixar esse sem futuro lá no santuário de Barbinha e trazer aquele outro sem futuro amigo dele, qui é prumode eu fazer o mermo sirviço. E tem mais uma coisa. Eu só vou ficar cum pena é das cipuadas qui eu errar e pegar
no chão.
Eu não sei dizer aqui se houve retaliação dos santos porque eu acredito que eles não são vingativos. Mas o ano de 1958 foi um dos mais secos da terra do arroz.
Mestre Pedro, além do bom músco que foi, era também um excelente contador de causos. Contava suas histórias imitando a voz de todos os personagens. E o mestre Pedro não penteava.
Reprisado para Liêda Souza.
Prezado Mundim.
ResponderExcluirNão vou está no Roçado Dentro para o encontro em homenagem ao Pedro. Recebi visitas. Vou mandar o poeta Claudio Sousa representar o Blog. Recebi ligação do Senhor Dilson Pinheiro - do Programa Ceará Caboclo confirmando presença e apresentando o desejo de me conhecer. Vamos fazer uma parceria do Blog com o programa de TV apresentado por ele.
Parabens pela historia do Santo. Laura da Formiga era demais.
Abraços.
Mundim.
ResponderExcluirUm dia o Pedro Sousa me contou que a Laura da Formiga, apesar de não dançar, era uma assidua frequentadora das festinhas do Roçado Dentro.
Numa destas festas os rapazes fizeram uma fila para encher o saco. O primeiro: vamos dançar esta dança comigo: Laura num vou. O segundo: Laura vamos dançar, vou não e, assim a historia se seguia. Pedro Sousa era o ultimo da fila e quando a convidou, ela já bastante enfezada disse: Vou não, eu num já disse que num vou! Porque tu num vai dançar com a puta que pariu.
Caro primo Morais.
ResponderExcluirEu lamento muito não poder ter comparecido as homenágens do mestre Pedro.
Lamento ainda o desencontro com o poeta Dilson Pinheiro na cidade de Várzea Alegre. O Dilson conheceu a nossa cidade há muitos anos, quando foi levado por meu irmão Sérgio para um evento cultural, na ocasião estava presente o poeta conterrâneo José Gonçalves.
A minha amizade com Dilson é antiga e sólida.
Abraço.
Mundim
Lamento profundamente, não está nesse encontro em homenagem Mestre Pedro; mais desejo de todo coração que sejo uma bela e emosionante encontro.
ResponderExcluirQuanto a retalhação do santo: tenho certeza absoluta, que tanto São Pedro como São José ou qualquer outo santo,não nos puni de nem um ato nosso; nós sim, nos auto-punimos.Abraço para todos os poetas, musicos e escritores deste blog, e um especial para o meu poeta preferido, com licença? Fatima.
Prezado Mundim.
ResponderExcluirO Dilson me falou que o cordão umbilical com Varzea-Alegre foi a Piausada e disse a estima e amizade que tem por voce.
Vamos colocar o Blog a disposição dele, caso encontre alguma coisa interessante relativo nossa Cultura, costumes, em fim, nossa verve.
Abraços.
Este causo é um dos que mais trabalha a sensibilidade e a crença popular. E muito bem contado. É tão bonito que quem lê não para de rir. Abraços!
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