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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 29 de março de 2012

APENAS 24 HORAS - Por Vicente Almeida

 APENAS 24 HORAS

AVISO:

Este conto conduz o leitor a tomar uma
decisão, e poderá provocar alguma ansiedade.
Dependendo do seu estado emocional, não leia agora.
Se não gosta de mistério, abandone a leitura.

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Certa manhã na casa dos Lorêtos, a campainha tocou por alguns segundos, três vezes seguidas, depois emudeceu.

Ao ouvir o toque insistente, a Senhora Lorêto apressou-se em abrir a porta e percebeu um senhor aparentemente se afastando da sua casa. Olhou para os lados e estavam desertos olhou para baixo, e surpresa se deparou com um pequeno pacote ao pé da sua porta.

Ela o recolheu e verificou que não havia remetente nem destinatário, levou para dentro entregando-o ao marido e lhe contou o acontecido. Ele achou muito estranho e ficou desconfiado do pacote agora em suas mãos.

Mas o fascínio da curiosidade fez com que eles abrissem o pacote, e encontrassem uma caixa em formato de cofrinho e sobre ele havia um botão na cor verde que aparentemente acionava alguma coisa, mas estava protegido por uma cúpula de vidro.

A porta de acesso ao cofrinho estava trancada, e eles procuraram a chave. Verificaram novamente a embalagem do pacote, e lá encontraram um envelope com um cartão e uma pequena chave.

Dona Lorêto se apressou em abrir o pequeno cofre para ver o que acontecia, e como estavam em véspera de natal julgaram ser brincadeira de algum amigo. Mas seu esposo disse:

- Primeiro vamos ver o conteúdo deste cartão para podermos conhecer o autor da brincadeira.

Ao abrir o envelope retirou o cartão e leu em voz alta uma assustadora mensagem:

- "Este cofrinho contém um grande segredo. O botão verde protegido pelo vidro é um acionador e somente poderá ser tocado após abrir o cofre, e pelo lado de dentro liberar a trave".

- Ao pressionar este botão verde, duas coisas acontecerão simultaneamente: Vocês receberão um milhão de dólares, mas em algum lugar do planeta, alguém inexplicavelmente será assassinado.

- Retornarei em 24 horas. Terão esse tempo para decidir. Se desistirem, levarei o cofrinho de volta. Mas se o botão for pressionado receberão seu milhão de dólares livres de impostos.

Ao ouvir a leitura do cartão a mulher perdeu a pressa e abriu lentamente a portinha do pequeno cofre vendo lá dentro a trave que liberava a proteção de vidro. Apertou a trave e ela se abriu deixando a mostra o pequeno botão.

Olhou por instantes e depois de alguns minutos baixou o protetor de vidro e o travou, em seguida trancou o cofrinho e o guardou em um armário. Ambos verificaram que de fato, o botão era um acionador e poderia inclusive ser uma bomba. Quedaram-se meditativos, assustados e se perguntando:

- Por que alguém faria isso? Só pode ser brincadeira de mau gosto! E interrogações não faltavam. Durante as horas seguintes, mil pensamentos cruzavam seus neurônios em milésimos de segundos.

De qualquer forma teriam 24 horas para decidir, e da sua decisão resultaria grande benefício pessoal, tendo como contratempo o assassinato de alguém em algum lugar. Contudo eles ficariam definitivamente ricos. Mas poderiam recusar a oferta e devolver o cofrinho intacto, mesmo por que o dinheiro não era tudo e já possuíam o necessário.

Mas a partir daquele instante, o tempo se escoava lentamente, enquanto o nervosismo aumentava a ansiedade do casal.

Antes que se completasse às 24 horas, a ansiedade exerceu seu domínio e dezenas de vezes retiraram o cofrinho do armário e colocaram no centro de uma pequena mesa, de forma que cada um ficava de frente para o outro com ele aberto e a cúpula de vidro agora levantada. Assim ficavam olhando aquele botãozinho convidativo.

Dizia um:

- Se acionarmos esse botão, e recebermos mesmo este milhão de dólares, poderemos fazer muita coisa boa, inclusive mudar toda a nossa vida e gozá-la sem preocupações com mais nada.

O outro rebatia:

- É verdade! Mas teremos matado alguém que talvez não conheçamos e que não poderá ser culpado pelo nosso ato. E eles voltavam a fixar o olhar naquele tentador dispositivo que ficava a distância de um braço.

Até que faltando apenas vinte minutos para se esgotar o tempo determinado, não resistindo mais a tentação... 

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O que você acha:

I - Eles se afastaram do cofrinho até se escoar o tempo e o devolveram intacto?

II - Pressionaram o botão e receberam seu merecido milhão?

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Qual a sua opinião?

Você acha difícil opinar?

momentos em nossas vidas, em que somos chamados a decidir em uma fração de segundos, e não em 24 horas!
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Antes que vire esta página retornaremos com o final, de acordo com a decisão da maioria. Temos dois finais prontos.

Isto é ficção, qualquer semelhança com
fatos ou pessoas, terá sido mera coincidência.
A ilustração do cofrinho, foi projetada para esta postagem.

Escrito por Vicente Almeida
29/03/2012

4 comentários:

  1. Como dizia o meu velho pai: que encruzilhada medonha. Dificil.

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  2. Amigo Vicente, na medicina estamos constantemente decidindo quem deverá viver ou morrer por falta de vagas nos hospitais ou condições técnicas satisfatórias. E o pior: sem ter que receber o milhão.

    Neste caso, melhor não acionar o verdinho.

    Um abraço.

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  3. Caro Vicente: o dinheiro não é tudo pra mim; enquanto com vida eu posso trabalhar e gangar muito mais; uma amizade por exemplo, não tem preço. Eu não tenho dúvida mando de volta este cofrinho tentador.

    Abraço fraterno.

    Fatima Gibão.

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  4. ... Aí eu disse:

    Estou vendo muita gente em cima do muro, mas já temos duas corajosas decisões.

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