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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 30 de março de 2012

Limeira reencarnou II - Por Mundim do Vale

Disse que cantou na rua
Com um casal de guariba
Depois foi cantar na lua
Por cima da Paraíba.
Que viu dois sapos no brejo
Cantar pra Orlando Tejo
Um quadrão a beira mar.
Que quando foi de manhã
O bom poeta Amazam
Resolveu também cantar.

Falava que o Vaticano
Ficava no juazeiro
E que o papa romano
Já tinha sido romeiro.
Disse que brigou na guerra
Que matou oito sem-terra
De Montese pra Campina.
Depois viajou pra França
Comeu que encheu a pança
Na pensão de Josefina.

Em Souza pediu esmola
Na esquina do mercado
Depois quebrou a viola
No lombo dum aleijado.
De lá se apeou num trem
Desapeou em Belém
Pra ver se via Romário.
Romário não lhe atendeu
E ele com raiva deu
Um tabefe no vigário.

Falava que a ciência
Era de filosomia
Que tinha a experiência
Dentro da pilogomia.
Vendia rimas por quilos
Com os tólfulos dos pugilos
Da mentira verdadeira.
Disse que Napoleão
Mandou amarrar Sansão
Quando fugiu da fronteira.

Disse que comprou fiado
Ao papa do vaticano
Quando ele vendia gado
No sertão paraibano.
Que o doutor Osvaldo Cruz
Engasgou-se com um cuscuz
Num cabaré de Campina.
Que morreu e escapou
Porque ligeiro tomou
Um chá de penicilina.

Disse que lutou na guerra
Ao lado da Argentina
Que expulsou a Inglaterra
Tomou a Ilha Malvina.
Que viajou de manhã
Até o Vietinã
Na garupa dum jumento.
Tá escrito na história
Para ficar na memória
Diz o novo testamento.

Do velho Tomé de Souza
Ele falou pra lascar
Aquilo não era coisa
Para um poeta falar.
Disse que viu Chororó
No sertão do Siridó
Cantando com Tiririca.
Disse que lá no Salgado
Viu P.C. acocorado
Na sombra duma oiticica.

Até a proxima.


2 comentários:

  1. Teremos ainda duas postagens sobre a reencarnação do Limeira. Texto poético com a feitura impar do Mundim do Vale.

    O homem junta humor, graça e poesia num só lugar.

    Grande Mundim.

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  2. Estamos aguardando as outras postagens. Se Orlando Tejo ler estes versos vai ficar impressionado.

    Um abraço.

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