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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.


ALÉM  DE  QUEDA  COICE.

Caboré era o apelido de um cidadão que morava em Várzea Alegre. Ele era tão conhecido pelo apelido que eu nem sei como era o nome dele.
A atividade de Caboré era serviços gerais; Castrava porcos, sacudia legumes e fazia trabalhos de roça. Qualquer coisa que mandassem ele fazer, ele fazia com disposição e bom humor. Usava um dito popular que junto ao apelido ficou a cara dele. Quando alguém pedia um serviço ele dizia:
- COMIGO É PREGO BATIDO E PONTA VIRADA !
Uma vez ele foi contratado para cortar umas galhas de moquém para alimentação de gado, mas fez a coisa errada. Subiu na árvore, sentou na ponta da galha e meteu a foice. Vicente Justino ia passando por baixo, quando viu aquela arrumação gritou:
- Ei, caboré ! Você tá sentado no lugar errado, tem que ser do outro lado, dese jeito você vai cair.
Caboré respondeu:
- Savexe não Vicente. Eu já tou acustumado a cortar muquém. Cumigo  É PREGO BATIDO E PONTA VIRADA !
Vicente não insistiu, mas quando caminhou 15 metros escutou a estraladeira. A galha tinha partido só a metade mas com o peso de Caboré, ela desceu de encontro ao tronco. Vicente correu mas já encontrou o cortador abraçado com o tronco. Caboré soltou o tronco e já caiu curvado em forma de meia lua. Vicente tentava baixar as pernas, Caboré subia a cabeça, se Vicente baixava a cabeça, ele subia as pernas.
Para levar o acidentado para a cidade foi preciso arranjar uma carroça. Por conta daquele acidente caboré ficou uns dias sem levantar. Quando  conseguiu foi andando curvado com a cabeça distorcendo com os joelhos.
Quando Caboré passava de frente a Uzina Diniz, Tóia gritava:
- Tá cassando dinheiro , caboré !
Caboré respondia:
- Tou cassando é o rabo da veinha !
Mas voltando ao dia do acidente vejam o que aconteceu;
Vicente Justino foi dar a notícia com detalhes ao seu amigo Raimundo Lucas Bidinho. Na mesma hora o bom poeta Bidim improvisou essa décima;

O caboré não voou
Com o apelo de Vicente,
Ficou na galha da frente
E a galha despencou.
O estado que ficou
Faz uma pena danada,
Não serve mais para nada
Só porque foi maluvido.
NEM O PREGO FOI BATIDO
NEM A PONTA FOI VIRADA.

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