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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 12 de abril de 2013

DO TEMPO DO BUMBA - Por Mundim do Vale.

PAGOU 5 E  LEVOU  10.

No ano de 1966, um grupo de carpinteiros trabalhavam na serraria e carpintaria de Acelino Leandro, na Praça de Santo Antônio, em Várzea Alegre – Ceará.
Eram eles; Geraldo Leandro, Fernando de Mestre Horácio, Raimundo de Virgílio, Chico Bento, Antônio de Brilhante e Raimundo de Micena.
Todo dia por volta das 09:00 Horas, passava Pedro Borboleta, com um balaio de goiabas, gritando assim:
- Óia as guaiaba ! Óia as guaiaba !
Os funcionários compravam aquelas frutas para merendarem. Um dia Geraldo Leandro chamou Chico Bento o falou:
- Chiquim. Hoje nós vamos arrumar umas goiabas de graça. Você fica embaixo da praça e eu compro umas pra disfarçar. Quando Pedro tiver ocupado, eu jogo umas por baixo das pernas, você apara  e depois nós racha.
Quando o vendedor apareceu, Geraldo foi na frente e ficou de cócoras de lado do balaio  para escolher as frutas. Naquele momento chegou umas meninas para comprar as frutas e Pedro ficou de costas para o balaio  Só, que Pedro sendo mala também, tirou um espelho redondo do bolso e ficou monitorando o balaio  Geraldo pegava numa e noutra goiaba, escolhia uma e jogava outra por baixo das pernas, para Chico Bento Aparar. Jogou 5 e escolheu 5. Na hora do pagamento Geraldo falou:
- Eu vou querer essas 05, quanto é Pedro?
- É dez mil réis.
Geraldo pegou o dinheiro e entregou dizendo:
- Tamo certo né?
Pedro com uma faca na mão para picar fumo respondeu:
- Tamo não !
- Como não tamo?
- É pruque você tá pagando 5 guaiaba, falta pagar as 10 que você jogou pra Chico de Ontõe Bento, qui eu vi quando você jogou pru dibacho das perna.
Geraldo mais encabolado do que noivo casando na polícia falou:
- Tá certo, Pedro. Eu tava era brincando, eu vou pagar, mas eu joguei só 5.
- Apois você paga as 5, É pruque eu num sei fazer conta de cabeça, pensei quera 10.
Geraldo pagou as outras 5 e com a vergonha que ficou, nem ele nem Chico Bento vieram mas comprar as frutas. Eles davam o dinheiro a Raimundo de Virgílio para ele comprar.
Quando já estava com 15 dias, pedro Borboleta perguntou a Raimundo.
- Reimundo. Me diga uma coisa. Geraldo Leandro e Chico Bento num tão trabaiando na serraria mais não?
- Tão. Porque?

- Pruque eles era meus freguês, sempre comprava guiaba e adispois sumiro.  

Um comentário:

  1. Mundim.

    Gostei da historia. A principio estava desacreditando que Pedro Borboleta fosse passado pra trás.

    Pedro era de nossa casa no Sanharol, compadre do meu pai, o conheci bem. Depois da inclusão do espelho na conversa voltei a reconhecê-lo como um grande astucioso que era.

    Grande abraço.

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