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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Jogo zerado - Por Merval Pereira, O Globo

As pesquisas eleitorais continuam registrando a mudança de patamar para baixo dos índices de popularidade da presidente Dilma, aparentemente tendo como piso a média de 30% do eleitorado, que representa o eleitor cativo do PT.

Antes de ampliar sua base eleitoral fazendo acordos políticos e transformando-se no personagem “Lulinha Paz e Amor”, criado pelo marqueteiro Duda Mendonça, o ex-presidente Lula também atingia sempre essa faixa do eleitorado, e não conseguia vencer uma eleição.

Como era de se esperar, a mais recente pesquisa feita pelo Ibope já mostra a presidente empatando com um de seus adversários num hipotético segundo turno. Marina Silva, atuando a esta altura mais na sua vertente alternativa do que na de política profissional, tem recebido o apoio dos eleitores insatisfeitos de classes média e alta, surgindo como a escolha das ruas neste momento que parece prenunciar uma troca de guarda na política nacional.


Marina Silva, ex-senadora e fundadora do Partido Rede

 Poderia Marina com sua Rede de Sustentabilidade repetir o fenômeno Collor de 1989, que venceu a eleição presidencial a bordo de um partido nanico, o PRN? O mesmo fenômeno pode acontecer agora, mas as razões, embora semelhantes, serão diferentes.

Collor montou sua farsa eleitoral de posse do mandato de governador de Alagoas, isto é, trabalhando dentro da estrutura política tradicional. E, nos bastidores, fez todos os acordos possíveis com os políticos tradicionais que combatia nos programas eleitorais.

Os eleitores estavam engajados em uma eleição presidencial que tinha diversos candidatos, muitos deles competitivos e representando tendências políticas variadas. Embora a maioria do eleitorado tenha escolhido Collor por ele representar a renovação da política fora da esquerda, havia um eleitorado forte de esquerda que apoiou Brizola e Lula.

Desta vez, Marina se destaca não por ser a renovação da política, mas por representar a candidata da não política. E não há no seu histórico nenhuma indicação que nos leve a imaginar Marina fazendo acordos por baixo dos panos com políticas tradicionais, mesmo que tenha uma longa convivência com o PT.

Se vencer, Marina terá sido eleita por que a maioria do eleitorado quer uma experiência extrema de não política tradicional no poder. Hoje, Marina é a candidata das ruas, enquanto o presidente do PSDB, Aécio Neves, é o dos políticos, diz-se em Brasília.

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