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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CAUSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

PRESENTE  SEBOSO.

A garotada da minha geração em Várzea Alegre – Ce, foi toda beneficiada com o sabor do alfinim lá de nós. Para outros é pucha-pucha.
As puchadeiras mais qualicadas que eu conhecí  foi as minhas amigas, Antônia, Celina e Socorro Bilé, filhas de João Bilé o dono do engenho do Coité. O mel era tirado da gamela  em uma cana e depois de esfriar elas começavam o trabalho de puchar, até a hora que o alfinim morria, quando era feito em foma de flor. Na minha simpatia por  flores aquelas eram as que mais eu apreciava.
Na cidade o pucha-pucha era por conta de Santana do alfinim, que vendia nas ruas e nos colégios. Diziam algumas pessoas que quando o alfinim estava muito liguento, ela passava sailva nas mãos para fazer melhor o seu trabalho. Outras pessoas diziam, que como ela só tinha duas mãos, as mãos que puchava o alfinim eram as mesma que pegavam no dinheiro. Porém o sabor daquele doce superava qualquer impureza.

Mas o pucha-pucha aparece aqui apensa para ilustrar o causo que segue abaixo.

Nop ano de 1969, eu estava no cartório do segundo ofício com João Francisco, Antoniêta de Castro e Caseca, quando chegou um rapaz do sítio Cristo Rei que pediu licença e entrou com um pacote enrolado com jornal e amarrado com cordão de rede. O moço foi entregando o pacote e dizendo:
- Taqui João Francisco! Um alfinim que Antônio Rodrigues mandou de presente.
Enquanto o portador estava na sala, João ficou se pisando de inquieto, que estava.
Quando o moço saiu João falou:
- Ou cabra sem noção de higiene! Onde já se viu enrolar alimentos  com jornal? Eu vou é jogar fora.
Eu levantei a mão e falei:
- Calma João! Desembale primeiro.
- Desembale uma ova! Eu vou é repassar o presente para as formigas.
Dizendo aquilo ele aremessou o presente que foi cair dentro de um capinzal que tinha atrás do cartório. Em seguida ela saiu com Caseca ficando apenas eu e Antoniêta que estava muito ocupada.
Eu fui até o capinzal e lá chegando peguei a encomenda. Diz aí que quando eu desatei o cordão e tirei o jornal, encontrei uma sacola de plástico com o alfinim do tamanho de um chapéu.
A minha descorberta gerou um dilema; Fiquei na dúvida se devolvia o presente ou se ficava com ele
Depois de pensar um pouco  eu escolhi a seguna opção.

Um comentário:

  1. Prezado Primo,

    Eu também teria escolhido a opção sua, Nada mais saboroso do que uma rodela de alfinin de Santana, mesmo vendo, vez por outra, ela passa a mão no sovaco para desgrudar o mel dos dedos.

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