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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Enviado por Amigos de Deus.

Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... 
Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:

- Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?  O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo. Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira.  A aldeia inteira se reuniu, e disseram: 

- Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça! 

O velho disse:

- Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este e o fato, o resto e julgamento. Se se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este e apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai se seguir? 

As pessoas riram do velho.
Elas sempre acharam que ele era um pouco louco.
Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou.
Ele não havia sido roubado, mas havia fugido para a floresta.
E não apenas isso, trouxera junto uma dúzia de cavalos selvagens.
Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:

- Velho, você estava certo. Não se trata de uma desgraça, na verdade provou ser uma benção.

O velho disse:

- Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo esta de volta... quem sabe se e uma benção ou não? Este e apenas um fragmento. Você lê uma única palavra de uma sentença, como pode julgar todo o livro? 

Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente pensavam que ele estava errado.
Doze lindos cavalos tinham vindo...
O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens.
Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas.
As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram.
Elas disseram:

- Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e na sua velhice ele era seu único amparo. Agora você esta mais pobre do que nunca. 

O velho disse:

- Vocês estão obcecados por julgamento. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso e uma desgraça ou uma benção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado.

Aconteceu que, depois de algumas semanas, o pais entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forcados a se alistar. 
Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas.
A cidade inteira estava chorando, lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. 
Elas vieram até o velho e disseram:
 
- Você tinha razão velho, aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda esta com você. 
Nossos filhos foram-se para sempre.

O velho disse:

- Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso e uma benção ou uma desgraça.

Não julgue, porque dessa maneira jamais se tornará uno com a totalidade.
Você ficará obcecado com fragmentos, pulará para as conclusões a partir de coisas pequenas.
Quando você julga você deixa de crescer.
Julgamento significa um estado mental estagnado.
E a mente deseja julgar, porque está em um processo e sempre arriscado e desconfortável.
 Na verdade, a jornada nunca chega ao fim.
Um caminho termina e outro começa.
Uma porta se fecha, outra se abre.
Você atinge um pico, sempre existirá um pico mais alto.
Aqueles que não julgam estão satisfeitos simplesmente em viver o momento presente e de nele crescer...
somente eles são capazes de caminhar com Deus.

Desconheço o Autor

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