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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Enviado por Amigos de Deus.

"Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se a si mesmo, sem se comparar com ninguém,... E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos" Gálatas 6:4,9

"Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, pois queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia atribulado, para comer e consertar alguns bugs de programação de um sistema que estava desenvolvendo, além de planejar minha viagem de férias que a tempos não sei o que são.  Pedi um filé de salmão com alcaparras na manteiga, uma salada e um suco de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime né? Abri meu notebook e levei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
-Tio, dá um trocado?
-Não tenho menino.
-Só uma moedinha para comprar um pão.
-Está bem, compro um para você.

Para variar, minha caixa de entrada esta lotada de e-mails. Fico distraído vendo poesias, as formatações lindas, dando risadas com as piadas malucas.Ah! Essa música me leva a Londres e a boas lembranças de tempos perdidos.
-Tio, pede para colocar margarina e queijo também.
Percebo que o menino tinha ficado ali.
-Ok. Vou pedir, mas depois me deixe trabalhar, estou muito ocupado, ta?

 Chega a minha refeição e junto com ela meu constrangimento. Faço o pedido do menino, e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto ir embora.  Meus resquícios de consciência me impedem de dizer. Digo que esta tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição descente para ele.

 Então ele sentou á minha frente e perguntou:
-Tio o que está fazendo?
-Estou lendo uns e-mails.
-O que são e-mails?

-São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via Internet. Sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de maiores questionário disse: É como se fosse uma carta, só que via Internet.
-Tio você tem Internet?
-Tenho sim, essencial ao mundo de hoje.
-O que é Internet?
 -É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
 -E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na certeza que ele pouco vai entender e vai me liberar para comer minha refeição, sem culpas.
-Virtual é um local que imaginamos algo que não podemos pegar tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.

-Legal isso. Gostei!
-Mocinho, você entendeu que é virtual?
-Sim, também vivo neste mundo virtual.
-Você tem computador?

 -Não, mas meu mundo também é desse jeito... Virtual. Minha mãe fica todo dia fora, só chega muito tarde, quase não a vejo, eu fico cuidando do meu irmão pequeno que vive chorando de fome e eu dou água para ele pensar que é sopa, minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, pois ela sempre volta com o corpo, meu pai está na cadeia há muito tempo, mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos, de natal e eu indo ao colégio para virar medico um dia. Isso é virtual não é tio?

Fechei meu notebook, não antes que a lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino terminasse de literalmente "devorar" o prato dele, peguei a conta, e dei o troco para o garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado tio você é legal!".

"Ali, naquela instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!"

Autor Desconhecido

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