Como os marqueteiros e estrategistas concluíram que o eleitor vota movido mais pela emoção do que pela razão, preparem-se porque vem aí, além da chuva de lama habitual, doses cavalares de demagogia, populismo e sentimentalismo barato nas campanhas.
Diante do que está acontecendo nas ruas, no Congresso, nos palácios e nos tribunais, nada pior para o processo eleitoral, a democracia e o avanço da cidadania. Nunca precisamos tanto de razão e serenidade.
Além das ações dos movimentos sociais e sindicais, a tática lulista do “nós contra eles” e a crença de que os fins justificam os meios quando a causa é “justa” estão no DNA da atual violência das ruas e no desprezo pelas leis e pela população, quando sindicatos fecham acordos em assembleias mas minorias dissidentes param a cidade e vândalos impedem manifestações pacíficas. O clima de intolerância favorece a imobilidade e bloqueia qualquer progresso nas reformas que o país necessita. Mas 70% do eleitorado exigem mudanças.
Assim como existem pessoas dependentes de álcool, drogas, sexo, jogo e internet, muitos políticos são viciados no poder como numa droga. Embora alguns confessem que “a política é uma cachaça”, a dependência deles é mesmo do poder, dos privilégios, da sensação inebriante de superioridade, onipotência e impunidade que dão algumas drogas pesadas. E, como dependentes, fazem as piores fraudes, indignidades e crimes para mantê-lo.
Se quisessem mesmo servir ao país, deveriam repetir como um mantra a Oração da Serenidade, popularizada pelos Alcoólicos Anônimos:
“Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos, e sabedoria para distinguir umas das outras’’.
Alguns problemas brasileiros são insolúveis a curto e médio prazos, como a ladroagem e o compadrio, atrasos culturais que só mudam ao longo de gerações. Outros, como as reformas política e tributária, dependem de competência, honestidade e coragem para enfrentá-los.
Não é de emoções, mas de serenidade para distinguir uns dos outros, que eles — e nós — precisamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário