Certa vez eu conversava com o mestre Vicente Salviano, quando chegou Chico Danga com uma ressaca tão grande, que as mãos pareciam que estavam povilhando canela em cangica.
Chico sentou num banquinho e foi logo dizendo: Mais minino! Hoje eu tou pesado. A corda da minha rede quebrou-se e eu caí numa ruma de lenha, fui iscová os dente no iscuro e tinha uma barata na iscova, aí a bicha siarranchou na minha guela, aí eu fui tirá um caneco dágua do pote e uma rã pinotou na minha cara qui eu quage murrí do coração, saí de casa no iscuro, dei uma topada num cambito e caí pruriba das peda. Eu acho qui eu tem é caboge qui sarigonga butou.
Mestre Vicente notando a situação de Chico resolveu aconselhar: - Chico, porque você não vai na igreja e faz umas orações? - Ora mais tá. E eu num já fui ome! Eu me ajueei no altá de São Raimundo, aí desceu um mocêgo do forro qui era do tamãe dum avião, o bicho siabufelou no meu gangote, quando acabá chupou meu sangue todim.
Mestre Vicente convencido que Chico estava nos delírios da resaca falou novamente: - Chico. pois vá lá no terreiro de mãe Glória.
- Vou não Mestre Vicente. Eu num vou não, qui Amélia minha irmã foi uma vez lá no terreiro de mãe Gulora prumode tirá um isprito, aí o pai de santo fez foi butá ôto, pruque quando foi cum treis meis ela tava imbuchada.
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