A novidade da vaia dada no Itaquerão à presidente Dilma foi o seu teor ofensivo, de baixíssimo calão. Sempre se vaiou tudo num estádio de futebol, mas apenas ao juiz estavam reservados os palavrões mais cabeludos. Dilma foi brindada com a novidade, que Lula, com toda razão, classificou de “falta de educação”.
O estranho, no entanto, é que tal puxão de orelha tenha partido de alguém que, no cargo de presidente da República, quebrou todos os protocolos verbais, chamando seus adversários de “babacas”, proferindo com a maior naturalidade e frequência as expressões mais chulas – como “merda”, “tira a bunda da cadeira” - e reclamando do falso moralismo de quem o criticava.
O presidente da República, seja ele quem for, tem, por força do cargo, papel de referência perante o público. Se ele pode dizer palavrões do alto dos palanques, todos se sentem com o mesmo direito. É ele quem, mais que qualquer outro, estabelece os limites verbais e comportamentais que o público há de seguir.
Deve-se ao PT, aliás, a quebra de todos os limites protocolares na política. Pornografia verbal é sua manifestação menos ofensiva. Quando deriva para atos – e atos com dinheiro público -, eis sua forma mais abjeta e deplorável.
A privatização dos bens públicos, por exemplo. Quando Lula mudou a lei da telefonia e permitiu que seu filho intermediasse a bilionária fusão da Telemar (Oi) com a Brasil Telecom, praticou um ato moral? Antes, a Telemar, da qual o BNDES era sócia, já havia injetado R$ 5 milhões numa empresa de fundo de quintal de Lulinha, a Gamecorp. Isso, sim, é pornografia.
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