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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 17 de agosto de 2014

Enigmas eleitorais - Por Ruy Fabiano

Eduardo Campos e Marina Silva nunca foram vinhos da mesma pipa. Estavam juntos, mas não misturados. Portanto, a substituição do candidato falecido por sua vice, embora obedeça a um ritual quase sumário, não é tão simples assim.

Campos era um político na acepção da palavra: negociador, flexível, disposto a fazer um governo conciliador, com um viés de esquerda, mas sem assustar o setor produtivo e financeiro.

Marina, nem tanto. Pouco afeita a negociações, cultiva certezas e procura impor um tom quase místico a suas convicções. Não receia (nem esconde) a inflexibilidade. Daí sua biografia conflituosa, que a fez sair ressentida do PT e do governo Lula.

A junção de ambos foi obra de Eduardo Campos, que obviamente não previu a circunstância presente. Provocou controvérsias no partido, cujo agora presidente, Roberto Amaral, ex-ministro de Lula, preferia apoiar a candidatura Dilma a lançar candidato próprio. Cabe-lhe agora presidir o imbróglio partidário.

A agenda de Marina Silva é confusa. De um lado, sustenta os mais ortodoxos princípios do ambientalismo; de outro, admite manter fundamentos da economia de mercado. Só não explica como conciliá-los – o que não é impossível, mas requer esclarecimentos, até hoje não fornecidos.


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