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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 23 de agosto de 2014

Polarizações - Por Merval Pereira, O Globo


Esta, sem dúvida, será uma eleição diferente das demais. Estamos vendo se configurarem duas polarizações, uma, a tradicional, entre PT e PSDB. Outra, uma novidade, entre a autointitulada “nova política” e a política tradicional, que se esboçou em 2010 mas chega madura à eleição deste ano, com a mesma protagonista, Marina Silva, disputando espaço prioritariamente com o mesmo partido, o PSDB, para enfrentar o PT, de onde veio e que está no governo há 12 anos, sendo que praticamente oito deles tendo em Marina uma de suas estrelas.

É de se notar que as polarizações se colocam entre partidos, mas não no caso de Marina, uma liderança individualista que tanto faz estar no Partido Verde, como em 2010, ou no PSB agora, sempre terá de ocupar todo espaço de comando, como se já estivesse na sua própria Rede, criada à sua imagem e semelhança, até mesmo na incapacidade de organização demonstrada ao não obter o registro a tempo e hora de disputar a eleição presidencial, o que só conseguiu graças à “providência divina”.

É claro que houve um excesso de zelo provocado por interesses políticos dos tribunais eleitorais, notadamente o da região do ABC, área de influência de Lula, para barrar Marina logo na largada. Mas se a Rede tivesse sido menos amadora no recolhimento de assinaturas e mais profissional nos cuidados jurídicos, não teria dado pretextos para a impugnação. A saída de cena de Carlos Siqueira, coordenador da campanha de Eduardo Campos, um quadro político de peso do PSB, mostra bem que a transição de candidaturas não se processou de maneira amena, e se falta a intermediação de Campos, não haverá sintonia entre Rede e PSB.

O fato é que Marina entrou no páreo do tamanho que saiu em 2010 e, ao contrário do que muitos supunham, inclusive eu, parece ter espaço para crescer numa campanha que, diferente da anterior, busca um nome que personifique o desejo de mudança registrado pelas pesquisas.

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