Sou tentado a acreditar, aos 65 anos de idade e 48 de jornalismo, que já vi tudo. Mas que nada! A vida é surpreendente. Os políticos são surpreendentes. Os governantes então... Nem se fala.
Na semana passada, a prefeitura de Paulo Afonso, no norte da Bahia, recebeu um telefonema do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza.
Um funcionário do ministério pediu que se providenciasse uma prótese dentária para a agricultora Marinalva Gomes Filha, dona Nalvina, 43 anos de idade e pessoa muito conhecida no lugar.
Dona Nalvina estava escalada para recepcionar, dali a dois dias, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Os três gravariam cenas para o programa de propaganda eleitoral de Dilma na TV.
Pegaria mal a anfitriã de Dilma e de Lula aparecer com alguns dentes a menos.
Uma vez que a Folha de S. Paulo contou a história, a ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, foi acionada para sair em socorro de Dilma e de Lula.
A ministra explicou que a encomenda de uma dentadura para dona Nalvina não passou de “uma ação de rotina” do seu ministério. Foi além:
É uma prática nossa. Qualquer situação que a gente identifique, a gente encaminha para o órgão competente - disse.
Quer dizer: dona Nalvina ganhou uma dentadura porque precisava – não porque fosse virar personagem do programa eleitoral de Dilma. Sempre que o ministério sabe de alguém com poucos dentes, aciona as prefeituras.
Você acredita nisso?
Eu também não.
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