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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 16 de novembro de 2014

CPI da Petrobras vai tirar a máscara do governo e da oposição - Ricardo Noblat


Quem politiza as investigações sobre o desvio de bilhões de reais da Petrobras? A oposição, que cobra do governo que ajude a Polícia Federal a desbaratar a mais poderosa e sofisticada organização criminosa jamais vista na história do país? Ou o governo, que começou a acusar a oposição de não querer descer do palanque com a intenção de disputar o terceiro turno da eleição presidencial?

Os dois, oposição e governo. Natural. Política se faz assim. Quem está fora do poder entrega a mãe, se for necessário, para alcançá-lo. Quem tem o poder se mata vivo, mas não abre mão dele.

No caso brasileiro, o distinto público é convocado a cada quatro anos para dizer quem deverá tocar o poder nos quatro anos seguintes. A democracia é um regime imperfeito. Mas não há regime mais perfeito do que ela.

Nesta terça-feira, a CPI mista da Petrobras se reunirá mais uma vez. Seu prazo de funcionamento foi prorrogado até o início do recesso de fim do ano do Congresso. Até aqui, a CPI não serviu para nada.

Ou melhor: serviu para confirmar o desinteresse do governo e da oposição na descoberta de qualquer coisa capaz de incriminar corruptos e corruptores. Dilma fala em apurar tudo “doa em quem doer”. Mas orienta os políticos que a apoiam a não apurar nada.

A oposição fechou um acordo com a tropa do governo para que se deixe o escândalo da Petrobras por conta unicamente da Polícia Federal e do Ministério Pública. A desculpa: a CPI não tem como competir com delegados e procuradores. O que é fato.

A verdade verdadeira: assim como o governo, a oposição não quer correr o risco de se denunciar, nem às fontes tradicionais de financiamento de campanhas. Ninguém é trouxa, ora.

Estão presos 20 donos e executivos das nove maiores empreiteiras do país. Oito delas, juntas, doaram para as campanhas eleitorais deste ano algo como R$ 182 milhões. Doações declaradas à Justiça. Certamente doaram outros tantos milhões por debaixo do pano.

A CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira acabou no ano passado quando esbarrou no primeiro dono de empreiteira, Fernando Cavendish, da Delta Construções. Esta agora? Faça sua aposta. Desconfio que ela custará as máscaras do governo e da oposição.

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