O PT ainda não se recuperou do susto de quase ter perdido a eleição.
Caso não se registre mais adiante nenhum tipo de recuo, dê-se por fundada nos últimos dois dias a oposição brasileira desaparecida desde que o PT chegou ao poder com Lula em janeiro de 2003.
É de celebrar, mesmo até se você for petista de carteirinha. Uma democracia não se consolida sem que haja oposição. Um partido não se reinventa se reinar sozinho.
O PT tentou ser governo e oposição ao mesmo tempo, não deixando espaço a ser ocupado pelos adversários. Mas ninguém chega ao poder impunemente. O poder entorpece e corrompe. O PT não escapou da escrita.
Foi mais por falta de hábito, preguiça, distanciamento do distinto público e medo de enfrentar o carisma de Lula que a oposição comandada pelo PSDB cruzou os braços nos últimos 12 anos. Perdeu a voz. Refugiou-se nos gabinetes.
Finalmente, parece ter saído da toca sob o impacto dos 50 milhões de votos colecionados por Aécio Neves. E dos discursos exemplares que ele fez desde que se reapresentou ao Senado onde ficará por mais quatro anos.
Aécio rompeu com o jeitinho brasileiro de se compor por cima ou de conciliar por conciliar, fugindo do choque aberto e afirmativo. Seu discurso não tem sido de um perdedor – pelo contrário. Foi para cima do governo. E o fez com especial dureza.
É assim nas democracias amadurecidas. Quem perde vai para a oposição. E tenta enfraquecer o governo para substituí-lo um dia. Assim procedeu o PT entre 1989, quando Lula concorreu à presidência pela primeira vez, e 2002 quando ele se elegeu.
O PT ainda não se recuperou do susto de quase ter perdido a eleição. Está perplexo com o comportamento do PSDB e de seus aliados. Por enquanto ainda não sabe como reagir.
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