Por três horas, Graça Foster, presidente da Petrobras, disse, ontem, o que queria dizer à imprensa e respondeu a perguntas sobre a roubalheira dentro da empresa.
Pareceu sincera ao falar sobre a maioria das coisas. Mas inocente, não.
Antes que lhe perguntassem por que ainda não pediu demissão do cargo foi logo dizendo que o pôs três vezes à disposição de Dilma. E que ela o recusou.
Não disse por quê. Compreensível que não tenha dito. Cabe a Dilma dizer se quiser.
- A coisa mais importante para esta diretoria é a Petrobras, muito mais importante do que meu emprego ou qualquer coisa – comentou.
Lugar comum. Clichê.
Se a Petrobras fosse a coisa mais importante para ela, teria sido mais cuidadosa com a empresa. E não cúmplice, no mínimo por omissão, com os desmandos ocorridos ali.
Somente com a compra da refinaria Pasadena, no Texas, a Petrobras amargou um prejuízo de R$ 1,8 bilhão, segundo a Controladoria Geral da União.
Que isentou de culpa Graça, Dilma e os demais membros do Conselho de Administração da empresa.
Nada se faz na Petrobras sem a concordância do Conselho. Nada.
Dilma presidia o Conselho quando Pasadena foi comprada. Em sua defesa, disse que se baseou num parecer “técnico falho”.
O tal parecer tinha menos de duas páginas. Dilma poderia ter tido acesso a mais de 100 páginas referentes à compra.
Não o fez. Nem ela, nem Graça, nem os outros membros do Conselho.
- Eu preciso ser investigada. Nós, diretores e gerentes, precisamos ser investigados. E isso leva tempo – disse Graça, humilde.
Para deixar claro, em seguida, que sua saída da Petrobras ou a de algum outro diretor significará a saída de toda a diretoria.
- Quanto aos diretores, eu não conseguiria trabalhar sem eles. Temos uma convivência dentro da companhia e compartilhamos as dificuldades e preocupações — afirmou Graça.
Quanto ao futuro da Petrobras, Graça contou que pediu ao governo federal uma posição sobre a situação das empresas envolvidas na corrupção.
Caso eles sejam proibidas de participar de novas licitações, Graça teme o atraso em obras e o impacto disso nas metas de crescimento da produção de petróleo.
De alguma forma, Graça saiu em defesa das maiores empreiteiras ao dizer taxativamente:
- As grandes empresas, nós precisamos delas. Ou então vamos ter de fazer licitações internacionais a toda hora.
Ora, que se faça. A corrupção é que não pode ser premiada.
A entrevista de Graça soou dentro da Petrobras como uma despedida dela e dos demais diretores.
A bola está nos pés de Dilma, redondinha, redondinha. Mas ela hesita em chutá-la.
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