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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 15 de março de 2015

Dilma, uma presidente acuada - Por Leandro Loiola e Murilo Ramos, Epoca.


Sem força na economia, na política e, agora, nas ruas, Dilma Rousseff vive seu pior momento na presidência - e parece apoplética, sem saber como sair dele

A presidente Dilma Rousseff não estava muito confortável naquele momento da conversa com líderes de partidos aliados, ao final da tarde da última segunda-feira. Sentada à frente de uma mesa grande, no Palácio do Planalto, Dilma dizia que os protestos ocorridos durante seu pronunciamento de 15 minutos em cadeia de rádio e TV, na noite anterior, haviam sido “uma coisa concentrada em alguns bairros” de São Paulo, referindo-se a  locais de classe média alta. Acrescentou que, em Brasília, os protestos ocorreram “no Sudoeste e em Águas Claras”, também bairros de classe média. “Em Recife foi só na Aldeota (outro bairro nobre)”, disse. “Aldeota é em Fortaleza, presidenta”, corrigiu o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira.

Dilma foi então interrompida por um novato nesses encontros, o senador Omar Aziz, do PSD, ex-governador do Amazonas. “Presidenta, no domingo não vai ser assim...”, disse Aziz. Um novato permitia-se contradizer a presidente da República. Aziz prosseguiu: “Eu queria prestar minha solidariedade à senhora porque envolveram a senhora neste roubo na Petrobras, que é o maior roubo da história do Brasil. É uma vergonha fazerem isso com a senhora”. Constrangida e sem paciência, Dilma admoestou Aziz: “Governador (na verdade, Aziz agora é senador), o senhor está equivocado”.

A conversa estava tensa. Em outro momento, Dilma alertou os líderes: “Nós temos de ter cuidado porque a política está muito criminalizada”. Parecia o ex-presidente Lula falando. Ele usa esse argumento sempre que um companheiro é acusado de corrupção. Em tempos de petrolão, é quase todo dia. Dilma, então, narrou os dissabores de quem vive sob a ameaça das vaias dos contribuintes que povoam as ruas do Brasil e enxergam a criminalização na política. Contou aos parlamentares o caso da ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster, sua amiga, que deixou o cargo em fevereiro após uma temporada exposta pelas investigações do petrolão. “Ela não pode sair de casa nem para ir à padaria”, disse Dilma. Graça vive hoje uma vida de aposentada no Rio de Janeiro, mas não tem sossego.

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