O deputado Hugo Motta (PMDB-PB), de 25 anos de idade, presidente da nova CPI da Petrobras, disse à TV VEJA que “investigará o que for necessário” para jogar luz sobre a roubalheira na Petrobras.
A entrevistadora perguntou se a investigação poderia alcançar a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Ele respondeu que sim.
Ela quis saber se donos de empreiteiras também seriam ouvidos. Outra vez ele respondeu que sim.
Vamos devagar.
A CPI reuniu-se, ontem, pela primeira vez. E apesar de haver requerimentos para que empreiteiros sejam ouvidos em audiências públicas, nenhum deles foi votado.
Também não se votou nenhum pedido de quebra de sigilo das empreiteiras.
Sabe-se por que.
Para se elegerem no ano passado, doze dos 27 membros titulares da CPI receberam doações de dinheiro das empreiteiras. No total, algo como R$ 3 milhões.
No caso de Hugo, 60% das despesas de sua campanha foram financiados pela Andrade Gutierrez e pela Odebrecht.
Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI, recebeu 40% de sua verba de campanha das construtoras Queiroz Galvão, UTC, OAS e Toyo Setal.
O PSOL alegou que deputados financiados por empreiteiras deveriam se declarar suspeitos, caindo fora da CPI. Ocorre que nenhum outro partido concordou com ele.
O Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara considera quebra de decoro um deputado “relatar matéria submetida à apreciação da Câmara, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral”.
E daí? Daí que ninguém liga para o que diz o Código.
Recomendo menos entusiasmo ao jovem Hugo.
Deputado Hugo Motta (PMDB-PB), presidente da CPI da Petrobras (Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados)
Nenhum comentário:
Postar um comentário