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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 26 de fevereiro de 2023

A indiferença do brasileiro - Por Antônio Morais


A morte é o único ato que se tem como certo. É democrática e dela ninguém foge. 

No Brasil, diariamente, morrem centenas de seres humanos pelas mais diversas razões e motivos. Assassinatos, desastres de automóveis, de motos, e, o pior, morre gente na porta do hospital por falta de atendimento, morre gente porque não tomou o remédio que a lei lhe assegura e o gestor publico não lhe fornece, morre gente porque o exame que precisava fazer estava marcado para dois anos depois, e, não deu para esperar. E a seca? Essa perversa maldição que começa matando pela esperança e pelos sonhos, e, termina liquidando com o corpo por inanição.

São centenas de mortes diárias, espalhadas num universo, nessa imensidão territorial que é o Brasil. Mas, o povo brasileiro é indiferente e insensível a esse tipo de defunto. 

O marqueteiro não manda a presidenta ir chorar no velório. A igreja não reza nem manda rezar. Porém, quando cai um avião na Amazônia, quando acontece um acidente numa casa de vadiação, é aquele alarido, aquela comoção.

Já não dá mais para se ter duvidas, no Brasil, o valor do morto está na sua condição financeira, na classe social a que pertence e da maneira como morreu. 

É bom ter consciência que não existe mortos de primeira ou segunda classe, pra cada uma dessas centenas de pessoas que morrem, diariamente, na imensa escuridão do desconhecimento, existem uma mãe, um irmão, uma esposa, um pai, um filho que também choram.

As lágrimas do pranto e do sofrimento são iguais pra todos. A indiferença do brasileiro desconhece este detalhe. A grande verdade é que por uma via levam os mortos ao cemitério, por outra a escola de samba desfila.

3 comentários:

  1. É...

    Morais:

    Você escreveu uma verdade pura e cristalina da qual os poderes constituídos se obstinam em não considerar relevante, salvo quando a notícia/informação dá manchete de primeira página e coloca em foco o meio noticioso que a divulgou.

    Infelizmente este é um país onde se diz que todo poder emana do povo, mas o povo não o exerce, não fiscaliza e nem liga. Resultado o efeito retorna contra si mesmo e as consequência são essas que vemos no dia a dia são avassaladoras: Choro e ranger de dentes.

    Qualquer que seja a forma de morrer, comprovada a omissão/desrespeito/ausência de fiscalização dos poderes constituídos devia ser um crime inafiançável, por que isto não é morrer é assassinato. Entretanto quem pratica esses crimes parece imune a punições, por isso mesmo repete tudo, tantas vezes quantas for necessárias aos seus interesses ESCUSOS e PESSOAIS.

    Choramos quando vemos alguém a quem prezamos, morrer por falta de assistência do poder público. É um choro amargurado, angustiado é um choro pela nossa impotência diante deste rolo compressor da corrupção que leva tudo.

    Mas isto vai passar. Começa a surgir uma luz no fim do túnel e a punição antes em passo de minhoca agora adquiriu a velocidade do alce e NÃO vai parar.

    Vicente Almeida

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  2. Oi Vicente. Que bom você por aqui com esse comentário cheio de razões e sabedorias. A postagem ficou melhorada com o seu depoimento. Grande Abraço.

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  3. A grande verdade é que por uma via levam os mortos ao cemitério, por outra a escola de samba desfila.

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