Vê bem, Maria, aqui se cruzam: este
É o rio Negro, aquele á o Solimões.
Vê bem como este contra aquele investe,
Como as saudades com as recordações.
Vê como se separam duas águas.
Que, se querem reunir, mas visualmente;
É um coração que quer reunir as mágoas
De um passado, às venturas de um presente.
É um simulador só, que as águas donas
Desta terra não seguem curso adverso,
Todas convergem para o Amazonas,
O real rei dos rios do Universo;
Para o velho Amazonas, Soberano
Que, no solo brasílio, tem o Paço;
Para o Amazonas, que nasceu humano,
Porque afinal é filho de um abraço!
Olha esta água, que é negra como tinta,
Posta nas mãos, é alva que faz gosto;
Dá por visto o nanquim com que se pinta,
Nos olhos, a paisagem de um desgosto.
Aquela outra parece amarelaça,
Muito, no entanto, é também limpa, engana;
É direito a virtude quando passa
Pela flexível virtude quando passa
Que profundeza extraordinária, imensa,
Que profundeza ais que desconforme!
Este navio é uma estrela, suspensa
Neste céu d’água, brutalmente enorme.
Se estes dois rios fôssemos, Maria,
Todas as vezes que nos encontramos,
Que Amazonas de amor não sairia
De mim, de ti, de nós que nos amamos!...
Dificil, muito dificil saber qual mais bonito, se o encontro das aguas ou o poema.
ResponderExcluirQue lindo !!!!😝
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