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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 21 de março de 2016

GOVERNO NO FIM – Por Reinaldo Azevedo

Dilma busca nome para o lugar de diretor-geral da PF. É espantoso! Caso presidente realmente leve adiante esse propósito, no pouco tempo que lhe resta de governo, o que vocês acham que vai acontecer? Ora, vai ficar ainda mais evidente para  a opinião pública a determinação do governo de tentar frear as investigações

A mais nova decisão do governo, informa a Folha, é substituir o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, que ocupa o cargo desde 2011. Vamos lá.

Às vezes, tem-se a impressão de que um inimigo dos petistas está no comando do governo, tal a sucessão de burradas. São coisas típicas do fim. Não foram poucos os que advertiram, por exemplo, que a operação “Lula ministro” seria um desastre.

E, no entanto, Dilma a levou adiante com a certeza dos estúpidos. Deu no que deu. Agora, se a maioria do STF acabar endossando a nomeação, restará a suspeita de que age sob pressão; se recusar, o vexame está consolidado. Não é de hoje que Dilma gosta de um jogo do perde-perde.

A nomeação de Eugênio Aragão para o Ministério da Justiça, por pressão de Lula, já não anunciava coisa boa. Em sua primeira entrevista, o homem foi metendo os pés na porta, encantado com os holofotes que lhe dá um governo moribundo, e prometeu trocar toda a equipe da PF se houver cheiro de vazamento. É claro que é uma ameaça.

Demonstrando que chegou ao posto com uma missão, ele agora está em busca de um substituto para Daiello. Segundo apurou a Folha, Dilma decidiu trocar mesmo o diretor-geral da PF. O episódio das gravações teria sido a gota d’água.

Ora, lembremo-nos das falas edificantes de Lula. Numa conversa com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o Babalorixá afirmou com todas as letras: “Eu sou a chance que esse país tem de brigar com eles [PF e MP] pra tentar colocá-los no seu devido lugar”. E, como se sabe, não foi a única fala, tendo até mesmo a presidente da República como interlocutora, em que ficou evidente a disposição de interferir no trabalho da polícia.

Caso Dilma realmente leve adiante esse propósito, no pouco tempo que lhe resta de governo, o que vocês acham que vai acontecer? Ora, vai ficar ainda mais evidente para a opinião pública a determinação do governo de tentar frear as investigações.

Diria que eu mesmo, que quero que esse governo chegue logo ao fim, não conseguiria pensar em nenhuma medida que pudesse esquentar ainda mais o clima em favor do impeachment. Do ponto de vista político, é claro que estamos diante de mais um trabalho de obstrução da investigação.
Mas será que o governo e Aragão querem controlar a PF? Reproduzo trecho de uma resposta dada pelo novo ministro sobre o perfil de um eventual futuro diretor:

“Quero evidentemente na PF pessoas que tenham alguma liderança interna. Essas instituições que têm competências autárquicas, e são independentes na sua atuação, precisam ser dirigidas por lideranças”.

Bem, é claro que resta evidente que Daiello não é a “liderança” que Aragão gostaria de ter. Considerando o descontentamento do governo com a PF, dá para entender o que o homem quer dizer com “liderança”. Parece que é sinônimo mesmo de cabresto.

Aragão que aproveite bastante o gostinho do mando e da vã cobiça. Tem tudo para ser o segundo ministro da Justiça mais breve da história do Brasil. O primeiro foi seu antecessor.

Tão logo tire Daiello do cargo, aumenta o isolamento do governo, que caminha para o fim, desmoralizado. Está por pouco.

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