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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A luz misteriosa que acompanhou a imagem de São Vicente Ferrer de Juazeiro a Crato – por Armando Lopes Rafael

Depois da devoção a Nossa Senhora da Penha, um dos santos mais cultuados em Crato é São Vicente Ferrer. Por isso, é interessante relembrar um fato que teria ocorrido, no final do século 19, relacionado com a estátua desse santo, que foi venerada por longos anos, imagem que ainda se encontra guardada no patrimônio do atual SantuárioEucarístico Diocesano, na cidade de Crato.

Devemos a preservação da memória desse acontecimento a Irineu Pinheiro, cfe. vê-se no livro “O Cariri”, editado em Fortaleza (CE) em 1950, página 270. Consta lá:

“É muito antigo o culto a São Vicente Ferrer, no Crato. Em 1788, já havia, ali, um oratório dedicado ao grande taumaturgo espanhol (…) Em 29 de dezembro de 1801, como se pode ver no primeiro cartório do Crato, doou Dona Luiza Joana Bezerra, viúva do capitão Sebastião de Carvalho Andrade, mãe do Padre Pedro Ribeiro da Silva, iniciador da capela de Juazeiro, terras próximas do Crato”, junto à falda da Serra Grande (Araripe) para o patrimônio de “uma capela de pedra e cal” que ela, a doadora, se comprometia a erigir em honra do Senhor São Vicente, com o fim de “beneficiar a alma de seu marido e em favor do bem espiritual de sua pessoa e de outros “pertencentes”.

(Esclarecemos que Luiza Joana Bezerra era a filha mais velha do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, este o construtor da capelinha de Nossa Senhora das Dores, na Fazenda Tabuleiro Grande, origem da cidade de Juazeiro do Norte).

Vamos à página 271, do livro citado.

“No paroquiado do Padre Antônio Fernandes da Silva (1883 a 1892), trouxeram ao Crato, desde a derradeira estação da Estrada de Ferro de Baturité, numa distância de dezenas de léguas, a atual estátua de São Vicente Ferrer, substituta da primitiva, que era pequena. Carregaram-na através dos sertões, num caixão, em ombros de homens, à frente destes o Padre Felix de Moura (…)

“Em menino, ouvi dizer que da povoação de Juazeiro, penúltima etapa da viagem, até o Crato, viu-se no céu uma estrela a acompanhar a imagem, nos treze quilômetros que medeiam entre as duas localidades caririenses. Era a lenda que ia se formando em torno do Santo, pensava eu. Mas, depois, verifiquei haver algo de verdade na versão do povo. Uma vez, em Juazeiro, a passeio visitei a boa velhinha Teresa do Padre Cícero, assim chamada por ter sido criada em casa do famoso sacerdote, considerada pessoa da família por sua bondade e dedicação, e ela, no correr da conversação, disse-me quase textualmente:

“Dormiu aqui, em Juazeiro, na capela, o caixão em que veio São Vicente. Sinhozinho (era assim que ela tratava o Padre Cícero), Sinhozinho e o Padre Felix convidaram o povo para levá-lo ao Crato, na madrugada seguinte. Bem cedo, inda escuro, postei-me na Rua Grande, onde morava e moro hoje, num terreno vago, do lado nascente, e aguardei a passagem do préstito. Ao aproximar-se o caixão, ao lado os dois padres, vi sair entre a igreja e a casa que lhe ficava mais próxima, uma luz muito brilhante que voou rápida em busca do santo. Não pretendia eu ir ao Crato, mas, em v
ista do prodígio, corri até minha casa, pus, às pressas, um chale à cabeça e encorporei-me no cortejo que era numeroso”.

E conclui Irineu Pinheiro:

“Estimaram-na todos que conheceram à velhinha Teresa, morta há alguns anos nonagenária, sempre tida por absolutamente fidedigna”.

Nestes tempos caóticos e confusos dos dias atuais, onde vivemos a perplexidade dos fatos cotidianamente, que a luz de São Vicente Ferrer volte a brilhar neste vale do Cariri, de modo especial na cidade de Crato, onde este santo é particularmente venerado.
Postagens feitas por Armando Lopes Rafael

             

Um comentário:

  1. Eu sou Católico Apostólico Romano. Aos cinco anos de idade a minha avó me levou pela mão para fazer a primeira comunhão com o Padre Otávio de Andrade. Como presente recebi a carteira de sócio da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus. Guardo comigo até hoje. Amarelada pelo tempo, mas firme na mesma fé daquele menino que beijava a mão do padre e lhe tomava a benção.

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