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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 20 de setembro de 2016

Coisas desta República: Executivo confirma propina para campanha de Dilma em 2014

Ex-presidente da Andrade Gutierrez depôs em ações que contestam no TSE chapa formada pela petista e Michel Temer --  Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Beatriz Bulla  e Rafael Moraes Moura,
O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em depoimento à Justiça Eleitoral nesta segunda-feira, 19, o executivo Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, confirmou que houve pagamento de propina disfarçado de doação oficial à campanha presidencial de 2014 que elegeu Dilma Rousseff, segundo fontes que acompanham as investigações.

 Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai analisar pedidos de cassação da chapa Dilma-Temer 
O depoimento serve para instruir as ações contra a chapa formada por Dilma e pelo então candidato a vice, Michel Temer, que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 
De acordo com fontes ouvidas pelo Estado, Azevedo disse que a Andrade Gutierrez repassou R$ 15 milhões oriundos de propina pelas obras da construção da usina de Belo Monte ao diretório nacional do PT. Deste valor, cerca de R$ 1 milhão foi encaminhado pelo partido à campanha de Dilma de 2014.

Ele prestou depoimento em São Paulo ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Herman Benjamin, relator das investigações no TSE. O executivo Flávio Barra, ex-Andrade Gutierrez, também foi ouvido.

À Justiça Eleitoral, Azevedo afirmou que a empresa pagava propina de 2% sobre os valores de todos os contratos firmados com o governo federal.

Cobrança. Segundo fontes que acompanharam os depoimentos, Azevedo disse que a empresa doaria R$ 10 milhões à campanha de Dilma em 2014, mas dobrou o valor diante da pressão de Edinho Silva e Giles Azevedo – ex-ministro e ex-assessor da petista, respectivamente. A doação, segundo ele, servia para manter o “status quo” dos contratos com o governo.

O executivo foi questionado sobre a diferença entre a doação à campanha de Dilma e a realizada à campanha do então candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves. Segundo ele, no caso de Aécio não houve pedido em troca de contrapartida. 

As ações no TSE foram propostas pelo PSDB no fim de 2014 e investigam suposto abuso de poder político e econômico. Se o TSE entender que houve desequilíbrio, pode retirar de Dilma, hoje cassada, o direito a disputar eleições. Para Temer, as investigações podem causar a perda de mandato.
Procurada, a defesa de Dilma não se manifestou até a conclusão desta edição.

2 comentários:

  1. COMENTÁRIO DE LEITORES

    Temer na ONU
    O presidente Michel Temer tem muito a corrigir dos 13 anos de petismo. O prejuízo do regime lulopetista para a diplomacia brasileira foi severo. Sob Lula e Dilma Rousseff, nosso país apoiou republiquetas bolivarianas, ditaduras esquerdistas, governos terroristas, rebeldes sem causa, anarquistas. Chega de Venezuela, Bolívia, Cuba, Angola, Palestina. E chega de Foro de São Paulo. É hora de acenar para os investimentos americanos, para o mercado europeu, para a tecnologia israelense e para os avanços do Japão. É hora de voltarmos a ser defensores da democracia, e não tendenciosos financiadores dos interesses de Lula e sua trupe. O Brasil é maior que o petismo. Esperamos que Temer nos represente bem!
    SÉRGIO ECKERMANN PASSOS
    sepassos@yahoo.com.br
    Porto Feliz

    PT um partido desmoralizado
    O PT aguardou o afastamento definitivo de Dilma Rousseff para deflagrar as manifestações sistemáticas que pedem “fora, Temer” e “diretas já”, duas reivindicações meramente vingativas e frontalmente inconstitucionais. Nenhuma surpresa. Desmoralizado e sem rumo, ao partido só resta a baderna.
    LUCIANO HARARY
    lharary@hotmail.com
    São Paulo

    Dizer o que tem de ser dito
    Michel Temer é um político maneiroso, diplomata, por isso chegou aonde chegou. Foi presidente do PMDB, o maior partido do País e também o mais heterogêneo, amorfo, e é por isso que lá cabe tudo, esquerdistas, direitistas, centristas, corporativistas e, sobretudo, oportunistas. Para poder governar como deseja Temer tem de ser um malabarista exímio, saber lidar com todos eles, mesmo assim encontra resistência dentro do seu próprio partido entre aqueles que querem uma boquinha, o célebre toma lá e dá cá: “Quanto é que eu levo nisto?”. Haja paciência! Para fazer o melhor governo possível Temer quer a pacificação política, mas sabe que jamais obterá a paz com o PT, que enquanto a companheirada tiver ânimo repetirá à exaustão o “fora Temer”. O presidente precisa ter a mesma coragem de fazer o que já fez, isto é, declarar ser contra o aumento dos proventos dos ministros do STF por produzir efeito cascata e, assim, repetir o que disse o procurador da República no Paraná Deltan Dallagnol: “Lula era o comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava Jato”. A ruptura com Lula e o PT já existe e não tem mais conserto. Então, é aproveitar para dizer em alto e bom som que toda a crise, a maior da História, pela qual o Brasil está passando – desemprego, inflação, etc. – se deve ao governo desastrado do PT nos últimos 14 anos. Chega de panos quentes. Guerra é guerra.

    JOSÉ CARLOS DE CASTRO RIOS
    jc.rios@globo.com
    São Paulo

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  2. O juiz Sérgio Moro, contrariando o desejo de Reinaldo Azevedo, vai aceitar a denúncia contra Lula.

    O desembargador Aloísio de Toledo César explicou os motivos no Estadão:

    “Neste momento tormentoso vivido por Lula, é compreensível que seus advogados e defensores entoem descontentamento com a denúncia pública feita contra ele, alegando ausência de prova material.

    Na falta de argumentos que envolvam o mérito, compreende-se que usem tal estratégia de defesa, mas dificilmente convencerão o juiz quanto à ausência de provas, uma vez que são muito expressivos os indícios da conduta criminosa.

    A denúncia que o Ministério Público faz contra Lula, causando impacto tão forte no País, está fundamentada num conjunto enorme e expressivo de indícios e circunstâncias, que permitem, pela indução prevista no artigo 239, concluir que houve mesmo crime, e dos mais graves...

    Por mais que os defensores de Lula se apeguem à tese enganosa de inexistência de provas, buscando, quem sabe, convencer-se a si próprios, a finalidade do processo criminal consiste em provar – e provar nada mais é do que proporcionar ao juiz a convicção sobre a existência de um fato".

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