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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Sai Dilma, entra Temer, e por ora é só - Por Ricardo Noblat

A presidente reeleita com mais de 54 milhões de votos há menos de dois anos, apoiada pela maior coligação de partidos jamais vista na história política do país, despediu-se de Brasília acompanhada de meia dúzia de fiéis escudeiros - os ex-ministros do seu governo José Eduardo Cardozo, Miguel Rossetto, Jaques Wagner e Kátia Abreu, o senador Lindbergh Farias e a deputada Erika Kokay.

Kátia era a única não petista do grupo. Foi também a que mais chorou. À saída do Palácio da Alvorada, onde morou os últimos cinco anos e quase seis meses, Dilma foi aplaudida, beijada e presenteada com flores por cerca de duzentas pessoas, a maioria sindicalistas, professores e representantes de movimentos sociais que a saudaram com palavras de ordem e gritaram “Fora, Temer”.

Havia mais de 10 líderes de partidos no Congresso, a poucos quilômetros de distância do Alvorada, mas nenhum apareceu. E pouco mais de duas dezenas de senadores que preferiram permanecer em seus gabinetes. Somente Rosseto embarcou no jato da Força Aérea Brasileira que levou Dilma de volta a Porto Alegre, onde tem apartamento e onde vivem sua filha e seu único neto. A recepção a Dilma, ali, foi mais calorosa.

De volta da China, Michel Temer reuniu-se com ministros e deputados e preparou-se para seu primeiro evento de rua como presidente da República, o desfile militar do Dia da Independência. O governo teme que ela seja alvo de protestos. Por isso, contrariando a tradição, Temer não deverá desfilar em carro aberto. Nem portar a faixa presidencial. A segurança do desfile foi reforçada.

Espera-se que, depois do desfile, cerca de cinco mil pessoas, reunidas na marcha chamada “Grito dos Excluídos”, ocupem uma das faixas da Esplanada dos Ministérios e protestem contra o governo. Haverá marchas semelhantes em diversas capitais e cidades do interior. “Somos um país democrático e, como tal, que respeita todo tipo de manifestação pacífica”, observa Eliseu Padilha, Chefe da Casa Civil da presidência da República.

O destino de Dilma já está escrito por ela mesma. Embora admita que possa voltar à política, não parece disposta a fazê-lo. Não é do ramo. Nunca gostou da política partidária nem dos seus personagens. Quer dar aulas em universidades e fazer palestras no exterior, onde hoje encontrará melhor ambiente do que aqui. O destino de Temer ainda está por ser escrito.

Um comentário:

  1. "Dilma pretende escrever um livro sobre os bastidores do impeachment – aquele que chama de golpe. Será uma bela peça de ficção".

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