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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

No quebrar da barra - Por Antônio Morais.


Zé Belo morava no sítio Charneca em Várzea-Alegre. Os filhos chegaram em férias de São Bernardo. Dinheiro como diabo, resolveram fazer uma comemoração. Mataram galinha, bode, um capado cevado e a noite contrataram o sanfoneiro Bié para animar o rela bucho. 
Dois potes com aluar e duas ancoretas de pinga nos cantos da sala. E, tome sarapatel, fussura, buchada e pinga até não caber mais na barriga.
Na madrugada Imaculada, a filha caçula começou a gritar de dores. Gemia, chorava e cagava sem sentir. 
Pegaram uma rede botaram num pau de porteira, jogaram a moça dentro e partiram para cidade a procura do médico.
No quebrar da barra, de passagem pela "Bodega" de Raimundo Sabino ele perguntou :
Quem morreu?
É minha filha que está doente.
E o que foi?
Foi comida!
"Pegaro o caba"?

6 comentários:

  1. Considerando que a nossa língua é complexa, tenho que me posicionar em defesa do "budegueiro" Raimundo Sabino. Estamos diante de uma questão de semântica descritiva, que se enquadra no campo da homonímia.

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  2. É...

    A pergunta foi procedente, o problema foi a resposta do pai e a situação da conduzida que pela visão do fato gerou falsa interpretação. Também fico do lado do bodegueiro.

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  3. " Antão de vovô", como nós o chamávamos, (Antão Alves de Morias), morava no sítio Muquém e um certo dia foi levado para o hospital com fortes dores, devido a comida que lhe fez mal.
    Ao ser consultado, o médico Dr. Pedro Sátiro, primo segundo do paciente fez a seguinte pergunta: Antão, o que foi que você comeu no almoço?
    Doutor, eu comi feijão com pão com preá sapecado, respondeu.
    Ai o experiente médico respondeu:
    Vixe, rapaz, pois faltou um grau...
    Assustado, meu tio perguntou:
    Pra eu morrer doutor?
    Não, pra você ter comido merda...

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  4. Prezado Giovane - Estando eu no Sanharol fui a AABB tomar uma cerveja. A arrendatária do bar me serviu uma cerveja muito gelada. Procurei saber o que tinha para tira gosto. Ela respondeu encabulada : Preá frito. Comi que lambi os beiços. Nunca vi petisco tão gostoso e não me fez mal algum. A historia do Antão é das boas.

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  5. Eu adorava preá frito na banha de porco, era muito bom e era a nossa salvação, pena que até isto está em extinção.

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  6. Aqui em Sanharó tenho um amigo que gosta de comer mocó. Certo dia fui a sua casa e ele me ofereceu a iguaria, mas não tive coragem de encarar.

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