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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 27 de novembro de 2016

Saudades da Pátria, ou: No tempo que nossos governantes tinham amor pelo Brasil


Na viagem para o exílio forçado, dias após o golpe republicano de 15 de novembro de 1889, a bordo do vapor Alagoas, ao passarem diante do último pedaço de terra brasileira que veriam, os membros da Família Imperial decidiram enviar uma mensagem ao Brasil, assinada por todos.

Presentes, todos muito abalados com a terrível e injusta situação, o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Dona Teresa Cristina, a Princesa Imperial Dona Isabel, o Conde d’Eu e seus filhos pequenos, o Príncipe do Grão-Pará, Dom Pedro de Alcântara, e os Príncipes Dom Luiz e Dom Antônio, além do Príncipe Dom Pedro Augusto de Saxe-Coburgo e Bragança, filho da Princesa Dona Leopoldina.

Um criado escolheu um dos pombos mais vigorosos, que lhe pareceu capaz de transpor a distância que lhes separava da costa. O Príncipe Dom Luiz, então com onze anos de idade, relatou o ocorrido, anos mais tarde, em seu livro, “Sob o Cruzeiro do Sul”:
“Um pouco além de Cabo Frio – lembro-me como se fosse hoje – meu avô, querendo dar ao Brasil uma prova do seu inalterável amor, fez-nos soltar um pombo, em cujas asas ele próprio havia amarrado uma última mensagem. À vista da terra ainda próxima, a ave largou o voo; mas um longo cativeiro lhe havia sem dúvida alquebrado as forças. Depois de haver lutado alguns momentos contra o vento, esmoreceu e vimo-lo cair nas ondas.”

O bilhete trazia apenas três palavras, que não poderiam ser mais significativas: “Saudades do Brasil.”.
Dos oito membros da Família Imperial ali presentes, a maioria morreu no exílio, sem jamais terem podido retornar ao Brasil. Somente o Conde d’Eu e seus dois filhos mais velhos, os Príncipes Dom Pedro de Alcântara e Dom Luiz, tornaram a rever a Pátria amada, e somente os dois primeiros puderam pisar novamente em solo brasileiro.

(Baseado em trecho do livro “Revivendo o Brasil-Império”, de Leopoldo Bibiano Xavier).
             

3 comentários:

  1. Era um amor reciproco. Do governante com a pátria e do povo com os governante. Originado do respeito mutuo. Amanhã estarei fazendo uma publicação a respeito da proclamação da republica. Causas, conspirações e consequências. É claro, no meu entendimento.

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  2. Dizem que contra fatos não há argumentos. Se fôssemos mostrar os fatos que depõe contra a República brasileira, teríamos de escrever mais de 100 volumosos livros. Ocorre-me remontar apenas ao ato da dita “proclamação” e suas hipocrisias que tentam esconder da população de hoje. Em 15 de novembro de 1889 uma minoria de militares do Exército, rasgou a Constituição do Império (que vigorava há 67 anos e nunca tinha sido golpeada) e implantaram (sem apoio do povo, que sequer foi consultado) o que passaria à história como “A República Velha”. Faz 127 anos que vivemos nesta caótica República (que foi denominada de “Nova República” no governo de José Sarney) Pois sim! De nova não teve, nem tem, nada.
    Como escreveu José Maria Nóbrega Jr: “O Brasil saiu de um regime político estável para uma República Oligárquica organizada, centralizada e esquematizada (voltada) para uma elite agrária conservadora (...)Os primeiros anos da República “caduca” foram de total controle dos militares, posteriormente, até o golpe que implantou a ditadura de Getúlio Vargas sobre o governo de Washington Luís, a coisa pública brasileira era a coisa pública dos cafeicultores paulistas”

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  3. Já o historiador Sebastião Pinto Marques é enfático: “Marechal Deodoro da Fonseca aplicou um golpe militar contra a monarquia, prometendo “libertar” o Brasil do “autoritarismo”. Tão logo conquistou o poder, mergulhou o país em crise econômica grave; soltou as rédeas para a corrupção política e cumpriu a palavra premiando o país com a primeira ditadura da história brasileira.
    O desastre econômico e social que ainda assola nossa pátria é consequência da traição do Marechal. Ele revelou, como primeiro presidente, o caráter “democrático” da república e, principalmente, como ela é capaz de destruir nações, sob o disfarce de belos discursos.
    A Matadeira, peça de artilharia de grosso calibre, empregada pelo Exército Brasileiro em Canudos.
    Dizendo proteger a “liberdade”, em 1897, a república massacrou 30.000 sertanejos indefesos em Canudos. Para tal, usaram mais de 10.000 soldados de 17 estados diferentes. Isso com direito a degolar os prisioneiros, e disparar a artilharia contra casebres de pau-a-pique. A cidade foi totalmente destruída e todos os habitantes, mortos.
    O governo republicano patrocinou o genocídio porque suspeitou que o povo de Canudos queria restaurar a monarquia. Não se assuste com isso. Na república da “liberdade”, não se tolerava ter posições políticas diferentes, mesmo com apoio popular… Para manter “a ordem”, jornais monarquistas foram fechados e seus defensores, mortos. Um deles foi o jornalista Gentil José de Castro”.

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