Dentro de seis dias, o PT deve deflagrar uma cruzada por eleições diretas e lançar a re-re-recandidatura de Lula. Numa reunião do diretório nacional do partido, o pajé do petismo aceitará o sacrifício de retornar ao Planalto para salvar o país. Não é propriamente um projeto político. Trata-se de uma aposta no poder de sedução do cinismo.
Só há uma coisa pior do que o antipetismo primário. É o pró-petismo inocente, que engole todas as presunções de Lula a seu próprio respeito. Isso inclui aceitar a tese segundo a qual o xamã da tribo petista veio ao mundo para desempenhar uma missão que, por ser divina, é indiscutível.
Todos os líderes políticos cultivam a fantasia da excepcionalidade. Mas nunca antes na história desse país surgiu um personagem como Lula. Dotado de uma inédita ambição de personificar a moral, acha que sua noção de superioridade anistia os seus crimes. E avalia que seu destino evangelizador o dispensa de dar explicações.
Não é a hipocrisia de Lula que assusta. A hipocrisia pelo menos é uma estratégia compreensível para alguém que é réu em cinco inquéritos e convive com o risco real de ser preso. Melhor ir em cana fazendo pose de presidenciável perseguido do que amargando a fama de corrupto.
O que espanta é perceber que, em certos momentos, Lula parece acreditar de verdade que sua missão sublime no planeta lhe dá o direito de cometer atentados em série contra a inteligência alheia. Desprezadas a lógica e as evidências, sobram o cinismo e a licença dada por Lula a si mesmo para tratar os brasileiros como idiotas. Mesmo sabendo que já não encontra tanto material.
Um canalha de primeira grandeza.
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