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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Estórias desta República


Custou, mas explodiu – por Gen. Torres de Melo (*)

Fui designado para comandar a Polícia Militar de São Paulo em abril 1974. Logo tomei conhecimento de dois problemas gigantescos: o de menores e o Presídio do Carandiru. Não eram obrigações nossas, mas no final seria a Polícia Militar que iria resolver. Logo de saída fui ao Batalhão de Menores. Tomava conta da muralha. Dentro não era de nossa responsabilidade. Tinha lido um livro de uma socióloga paulista que afirma que as crianças que viviam no tal depósito eram até roídas por ratos. Nunca imaginei que um dia iria confirmar o que foi escrito. Vi com os próprios olhos. Ainda revolta-me quando me recordo do que vi. Foi no governo Paulo Egídio que a coisa melhorou. Os dirigentes tinham amor no coração.                                                         
                                                                               
 O Carandiru era um paiol de pólvora. Lembro-me de uma reunião minha com o secretário de Segurança Pública e o juiz das execuções penais. O juiz, com toda razão, afirmava que não podia continuar como estava. Ia explodir. Se minha memória não é falha, os números eram alarmantes. O Carandiru comportava 2.500 presos, mas estava com uma população acima de 7 mil. Procurou-se uma solução.            

O senhor juiz sugeriu: retirar presos do Carandiru e colocá-los nas delegacias, e a Polícia Militar seria responsável pela prisão dos detentos. Era criar prisões sem condições mínimas, pois as delegacias já estavam cheias. Terminou-se a reunião sem solução, pois aleguei que a Polícia Militar, tomando conta das delegacias, deixaria a sociedade sem segurança.

Todo dia era um dia e Deus, que é muito bom comigo, esperou para eu deixar o comando e permitir a explosão do Carandiru. O resultado não poderia ser outro. Imagino, pois lá não estava, mas soube que, quando foi aberto o portão, os presos jogaram fezes, urina e mil coisas mais contra a força, que recebeu ordem de invadir. Era matar ou morrer. 
          
Terminou o processo com o voto de um desembargador dando razão à força. Morreram mais de 100 - em Manaus, pouco acima de 60. Logo que deixei o comando da PMSP, fui promovido ao posto de general e continuei a andar pelo Brasil. Sempre acompanhei as cadeias e os menores, sentindo que cada dia que passava, mais graves eram os dois problemas.   

Um dia, 1988, fui para a reserva e, lendo e acompanhando o caminhar do meu país, sentia que uma dia iam explodir as cadeias públicas. Aconteceu, e agora estão atrás dos culpados. Um político, em conversa comigo, disse a verdade: "O problema dos presídios é de solução dificílima, pois construir cadeia não dá voto". Triste verdade! Presídio é um problema social gravíssimo. A solução é as autoridades serem responsáveis! Tudo o mais é conversa.
(*)  Gen. Torres de Melo – e-mail: gtmelo@guararapesgrupo.com.br

O caos dos presídios  –  por José Fernandez Rodriguez (*)

Nós estamos vivendo uma verdadeira inversão de valores. Ao invés de construir escolas para que os jovens possam realmente aprender a ser alguém na vida, com instrução decente, e não esta coisa que está aí, aprovando sem que o aluno saiba ao menos escrever seu nome, vamos gastar bilhões para construir prisões, o que sem dúvida alguma é muito lamentável.

Gostaria de saber como os presos de várias facções conseguem operar com celulares modernos dentro da prisão. Com toda certeza alguém dentro dos presídios colabora bastante. Quem está na prisão não foi por ajudar um idoso a atravessar a rua, e sim por cometer algum crime, então criminoso não pode ter regalias. Há excesso de presos nas celas, mas eles não podem reclamar, para evitar isso era só ter comportamento digno, que não estariam lá.

E, pelo andar da carruagem, com certeza ainda vai ficar pior, pois eles já têm grande organização, um verdadeiro sindicato do crime, fazem e desfazem e nada acontece com os cabeças, só a raia miúda morre. Só posso lamentar as atitudes dos governantes.
(*) José Fernandez Rodriguez – e-mail: rodriguez1941@gmail.com

2 comentários:

  1. Para se avaliar o quanto esta “ré-pública” anda avacalhada. O ex-presidente Lula ameaçou (tremei, fundadores da República que dormem o sono nos túmulos dos cemitérios!): "Se preparem, porque, se necessário, serei candidato” (à Presidência da República em 2018).

    À noite, assistindo a um noticiário na televisão, vi o famoso historiador Marco Antônio Villa rebater: "(Será candidato) a “Presidente Bernardes" (que vem a ser uma penitenciária de segurança máxima).

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  2. Prezado Armando Rafael - Na postagem anterior a está sua, confirma-se que a Senadora Vanessa Graziotim recebeu da "Umanizzare" empresa que cuida dos presídios na Amazônia a quantia de 2.9 milhões. Logo a senadora Graziotin que tanto fala em honestidade e direitos humanos. Fazem e praticam corrupção até com a desgraça humana.

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