Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 31 de março de 2017

Editorial do jornal O POVO: "Venezuela a caminho da ditadura plena"

É a hora de as democracias latino-americanas, incluindo o Brasil, tomarem uma posição clara acerca da Venezuela
A situação política e econômica da Venezuela se agrava a um ponto que torna cada vez mais improvável um entendimento ancorado pela via democrática. Na noite da última quarta-feira, a Sala Constitucional do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) assumiu as funções do Poder Legislativo venezuelano em uma decisão que pode ser vista como um firme passo em direção a um modelo de autoritarismo pleno no país.

Trata-se de uma intervenção da mais alta corte Judiciária da Venezuela na Assembleia Nacional. A composição do TSJ é controlada pelo Governo de Nicolás Maduro enquanto a Assembleia é de maioria oposicionista. É óbvio o desequilíbrio da situação. É natural que o parlamento tenha uma maioria de oposição, mas é inaceitável que o Tribunal siga os ditames do governo venezuelano.

Por trás da medida claramente arbitrária, a suspeita é que a decisão é parte do estratagema para evitar as eleições presidenciais de 2018. Seria, então, um caso muito parecido com o que aconteceu no Peru em 1992, quando o então presidente Alberto Fujimori dissolveu o Congresso e assumiu na marra controle absoluto do país.

Na trincheira política, parlamentares da oposição avaliam que a intervenção tem o mesmo efeito que dissolver a Assembleia. Ontem, a imprensa fez vários registros de que os opositores tentam convencer oficiais das forças militares para que reajam ao que consideram ser mais uma ruptura com a Constituição da Venezuela.

Pelo visto, o presidente Nicolás Maduro inaugurou um novo formato de golpe de Estado. Na verdade, um autogolpe. Afinal, permanece no poder e usa o Judiciário como a força para, na prática, dissolver o parlamento venezuelano de suas funções constitucionais.

É a hora de as democracias latino-americanas, incluindo o Brasil, tomarem uma posição clara acerca da Venezuela. O mesmo vale para a Organização dos Estados Americanos (OEA). Nas ruas das grandes cidades venezuelanas, a violência de confrontos passou a ser uma marca tão forte quando o empobrecimento econômico do país.

De imediato, é preciso que o parlamento retome sua autonomia e que a agenda eleitoral seja mantida de acordo com o texto constitucional em vigor no país.

Um comentário:

  1. A Venezuela isola-se do mundo e se consolida como uma ditadura cujo o maior dano quem vai pagar é o povo : Pobre, sem esperança e sem liberdade. Sonhos do Fidel, do Hugo Chaves e do próprio Lula. O Brasil aos pouco vai se libertando dessa praga.

    ResponderExcluir