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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 29 de março de 2017

Os dois Leandros, dois ilustres e esquecidos cratenses – por Armando Lopes Rafael

O Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro foi o fundador de Juazeiro do Norte. Na gravura acima, à esquerda, a casa do Brigadeiro, na antiga Fazenda Taboleiro Grande (hoje cidade de Juazeiro).  À direita a primitiva capelinha de Nossa Senhora das Dores, por ele construída, em 1827. (reconstituição feita pela artista plástica Assunção Gonçalves)


   Ambos, avô e neto, receberam o mesmo nome: Leandro Bezerra Monteiro.
   O primeiro passou à história como o Brigadeiro Leandro e viveu entre 1740 e 1837. Nasceu no sítio Moquém, município de Crato. O segundo, o advogado Leandro, também nascido em Crato, viveu entre 1826 e 1911 e foi magistrado, político de destaque e conhecido líder católico, no reinado de Dom Pedro II.

   Sobre o brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, podemos afirmar que sua memória foi programaticamente “esquecida”, a partir de 15 de novembro de 1889, devido ao golpe militar que implantou a forma de governo republicana no Brasil.

   Costuma-se dizer que a história é sempre escrita pelos vencedores. Os revolucionários de 1817 – derrotados pela contrarrevolução do monarquista brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro – passaram a ser exaltados como heróis, após a Proclamação da República. Seus feitos recebem proporções maiores que as reais, tanto nos meios de comunicação, como por parte de alguns historiadores. Do brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro pouco se fala. Quando se escreve sobre o efêmero movimento que foi a Revolução Pernambucana de 1817, em terras do Cariri cearense, omite-se a decisiva participação do brigadeiro Leandro, ao debelar a revolta, como também a coragem pessoal e cívica deste, naquele episódio.

   A fidelidade à Monarquia, por parte de Leandro Bezerra Monteiro, motivou a concessão – partida de Dom Pedro I – da honraria ao ilustre cratense do primeiro generalato honorário do Exército brasileiro. Àquela época, embora em desuso, o posto de brigadeiro correspondia – na escala hierárquica do Exército Imperial – à patente de general.

   Outras também foram as virtudes e qualidades do brigadeiro Leandro. E tão grande foi o seu valor que a sua fama refulgirá sempre, cada vez mais, pelos séculos futuros!
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  No tocante ao neto do brigadeiro, conhecido como Dr. Leandro Bezerra Monteiro, (foto à esquerda)  diga-se, de passagem, que foi um honestíssimo magistrado, bem como deputado de projeção, em várias legislaturas, tanto na Assembleia da Província de Sergipe, como no Parlamento do Império, durante o segundo reinado. Igual ao avô, Dr. Leandro deixou no imaginário popular e na memória dos pósteros o exemplo de um católico fervoroso e monarquista fidelíssimo.

     Afastado da política, o golpe militar, que derrubou a monarquia e instaurou a forma de governo republicana, em 1889, veio encontrá-lo como advogado e empresário rural, em Paraíba do Sul, cidade do Estado do Rio de Janeiro. No entanto, manteve-se fiel ao seu ideal monárquico, ao tempo que via, decepcionado, antigos companheiros aderirem ao novo regime implantado pelo Marechal Deodoro.

Abaixo a cronologia da vida do Dr. Leandro Bezerra Monteiro

1826 – Nasce na cidade de Crato.
1847 - Inicia o curso de Ciências Sociais e Jurídicas, na Academia de Direito de Pernambuco, com vinte anos de idade.
1851 – Recebe o título de Bacharel, aos vinte e cinco anos de idade.
1852 – Fixa residência em Sergipe, onde se casa, em 31 de janeiro, com uma parenta, Emerenciana de Siqueira Maciel Bezerra.
1860 – Eleito deputado geral (hoje deputado federal), por Sergipe mandato interrompido em 1863 por dissolução da Câmara.
1864 – Fixa residência na cidade de Paraíba do Sul, estado do Rio de Janeiro.
1872 – Eleito, mais uma vez, deputado geral por Sergipe. Nessa legislatura ganha destaque nacional pela defesa que faz dos bispos de Olinda, dom frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira e do Pará, dom Antônio Macedo Costa, processados e presos pelo Governo Imperial.
1877 – Eleito, novamente, deputado geral, agora pelo Ceará, mandato interrompido em 1878 pela ascensão do Partido Liberal.
1880 – Em 31 de julho é iniciada construção da Casa de Caridade de Paraíba do Sul, que foi concluída e inaugurada em 4 de abril de 1883.
1889 – No dia 15 de novembro um golpe militar, comandando pelo Marechal Deodoro, derruba do trono o Imperador Dom Pedro II e instaura a forma de governo republicana no Brasil.
1911 – No dia 15 de novembro morre no bairro Fonseca, em Niterói.    

Pesquisa, texto e postagem de Armando Lopes Rafael 


Um comentário:

  1. Uma postagem completa de fatos que fizeram a historia do Crato de antigamente.

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