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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 26 de abril de 2017

Doria está engolindo a velha guarda do PSDB - Por Josias de Souza.



Num instante em que a Lava Jato torna impotentes os poderosos do PSDB, João Doria exibe as mumunhas do político que ele diz não ser. Recém-chegado ao ninho, o prefeito paulistano engole toda a velha guarda do bico grande. Já escolheu seus inimigos: Lula e o petismo. E não perde oportunidade de  expressar sua simpatia pela agenda de reformas que o governo de Michel Temer tenta colocar em pé.

Dias atrás, Doria reagiu a um militante petista que o infernizava numa solenidade pública: ''Vai embora procurar a sua turma lá em Curitiba”, disse ele, com a voz amplificada pelo microfone. “O povo sabe quem é honesto e quem é decente.'' Nesta terça-feira, enquanto seu padrinho Geraldo Alckmin tentava se desvencilhar de um novo di$paro da Odebrecht, Doria juntou numa mesma entrevista radiofônica sua retórica antipetista e o apoio às reformas.

O prefeito prometeu cortar o ponto dos servidores que aderirem à greve convocada pela CUT e entidades assemelhadas contra as mexidas na Previdência e na legislação trabalhista. ''Eu não apoio esse movimento. Já disse que, na Prefeitura de São Paulo, funcionários públicos que participarem, vão ter seu ponto cortado. Se não trabalhar, vai ter um dia a menos seu salário.''

Doria cavalgou a reforma trabalhista de Temer com uma desenvoltura que o tucanato de Brasília não costuma exibir: ''Não pode uma legislação da década de 40 estar ativa no século 21. É um atraso, um retrocesso. Por isso que muitos empregos são perdidos ou não são gerados.''

Goste-se ou não do seu discurso, o prefeito fala a língua que o eleitorado tucano liberal de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, deseja ouvir. ''Não é possível imaginar um Brasil sindicalista, um Brasil protecionista. Acabou esse tempo,'' afirmara Doria na véspera.

Às voltas com uma agenda penal, Alckmin, Aécio Neves e José Serra não aproveitam as oportunidades que a conjuntura oferece. Na verdade, a trinca transformou-se na opotunudidade que Doria aproveita. Quando acordarem, a candidatura presidencial do prefeito talvez já tenha se transformado num imperativo ditado pelas pesquisas.

Aos pouquinhos, Doria vai se equipando para o salto de 2018. Joga o jogo à maneira dos tucanos: procura não parecer o que é, porque sabe que os outros podem não ser o que parecem.

Um comentário:

  1. Que bom se em cada partido surgisse um homem honrado para dar fim aos trambiqueiros.

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