Em um texto intitulado “Com licença, eu vou ao mercado”, a esposa do juiz Sérgio Moro, Rosangela Wolff Moro, transformou o vitimismo adotado por movimentos feministas em pó ao relembrar o Dia das Mulheres.
Ao final, ela ainda dá um tapa com luva de pelica na petista Gleisi Hoffmann, que havia demonstrado autoritarismo contra as mulheres ao propor até que fizessem “greve de sexo” no Dia das Mulheres.
Leia o texto:
“Depois de tanto falatório sobre as repercussões do Dia Internacional da Mulher não resisti ao convite para escrever um texto a respeito.
Semana passada, antes de ir ao trabalho resolvi dar uma paradinha no supermercado e ver com meus próprios olhos quem estava por lá. Sexta feira, oito e trinta da manhã. Com quem eu me deparo? Com pessoas. Homens, mulheres, crianças, idosos, idosas, famílias, tem pra todo mundo, afinal todo mundo come e não tem nada de errado ir ao mercado, seja você CEO de uma empresa ou uma dona de casa.
A discussão é outra. A discussão é que não há mais espaço para catalogar atividades como femininas ou masculinas.
Em uma de minhas voltas de Brasília me chamou a atenção o comunicado da cabine de comando. Voz de mulher. Faltou macho naquele voo, adepto da frase ‘mulher no volante, perigo constante’, revelar-se. E foi um pouso perfeito. Não fosse minha timidez, teria ido cumprimentar a comandante e também a companhia aérea. Competência e mérito não são uma questão de gênero.
Eu cresci achando que meu pai queria ter tido filho homem e que a natureza tinha contrariado o desejo dele. Eu achava isso porque nem eu nem minha irmã éramos poupadas de atividades de cortar a grama do jardim, de trocar o pneu do carro e de acompanhá-lo nas rodadas de chimarrão masculinas.
Aliás, em casa, saber trocar o pneu era requisito para poder sair de carro. E, para que o procedimento não fosse esquecido, de tempos em tempos o pneu aparecia furado. Sim, era meu pai, à maneira dele, pondo à prova a nossa capacidade de não sermos frágeis.
Passados os anos eu compreendi. Ele não queria filho homem, ele queria que fossemos independentes. E assim me tornei. Mas, claro, levava sempre no carro uma luva de borracha para não estragar as unhas esmaltadas, acaso tivesse que trocar o pneu.
Não somos frágeis. Falta aprendermos que a maior independência que uma mulher pode ter é de realizar as suas próprias escolhas sob uma única influência: a da sua própria vontade. É sempre mais fácil culpar o marido, o namorado, ou namorada, os filhos, o chefe ou o trabalho, porque se algo der errado, há alguém a quem atribuir a culpa pelo insucesso.
Se admitirmos que a escolha é nossa, somente nossa, assumimos a consequência. Não deu? Tenta de novo, tenta de outra maneira, mas não desista.
Não admita nenhuma forma de violência. A frase que mais amo é da Alice Walker: “Não pode ser seu amigo quem exige o seu silêncio ou atrapalha o seu crescimento”. Amizade ou amor constroem, não destroem. A violência física contra a mulher é preocupante e os números são alarmantes. Nada justifica a violência contra quem quer que seja.
Preocupa-me ainda mais a violência psicológica. Um roxo no olho é difícil esconder e essa visibilidade pode ser a força motivadora para a busca de ajuda. Mas o roxo da alma não. Esse hematoma na alma não deixa sinais visíveis e tem enorme poder de destruição. Destrói sonhos, destrói projetos, mata. E….. e você não tem que fazer greve de sexo, ao menos que você mesma queira. Você faz se você quiser e não faz se você não quiser. Ponto. Não pode ter outra regra. Não deixe ninguém dominar a sua vida, assuma o comando.
Agora, com sua licença, eu vou ao mercado, porque amanhã eu quero laranja no café da manhã.”
Calma, não se afrejele. Todo domesticado tem o seu direito de escolha. Você não se aborreça, pode escolher a Cleyce e com suas ideias ficar. É um direito todo seu. Ninguem pode tolher.
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