Os mortos contabilizados na localidade de Alto Alegre (MA), chegaram a 261, mas há quem estime que o número foi bem maior.
Do
meu caríssimo amigo José Luís Lira recebi um valioso presente: um
exemplar da segunda edição do livro “O Massacre de Alto Alegre”, escrito
pelo Pe. Bartolomeo de Monza. A primeira edição desta obra foi
publicada em 1909, em Milão (Itália) com o imprimatur e patrocínio da Ordem dos Capuchinhos da Província da Lombardia.
Até
2016 este impressionante livro permaneceu inédito no Brasil. A segunda
edição foi publicada no ano passado, sob os auspícios das Edições do Senado Federal (volume 215) com primorosa tradução de Sebastião Moreira Duarte.
O que foi essa carnificina
O
massacre do Alto Alegre, localidade do Estado do Maranhão, permanece
quase totalmente desconhecido do povo brasileiro. O livro do Pe.
Bartolomeo de Monza relata o maior massacre promovido por indígenas
contra brancos no Brasil. Os selvagens, sob a falsa alegação de reagir
ao processo catequético dos frades capuchinhos e das freiras
pertencentes ao Instituto das Terciárias Capuchinhas, oriundas de
Genova, na Itália, promoveram uma enorme chacina, onde foi derramado o
sangue inocente de 261 pessoas.
Tudo
aconteceu quando centenas de índios, sob o comando da tribo dos
guajajaras atacaram traiçoeiramente – na manhã de 13 de março de 1901 – a
Colônia de São José da Providência, implantada cinco anos antes pelos
religiosos capuchinhos italianos no povoado Alto Alegre, município de
Barra do Corda, interior do Maranhão. Os índios mataram 4 frades, 1
irmão-leigo, 7 irmãs, várias crianças indígenas que estavam sendo
educadas pelas freiras, mais de 50 pessoas que prestavam serviços à
Missão Capuchinha, além de cerca de 200 católicos que viviam na
redondeza da colônia. Uma carnificina que repercutiu muito mais na
Europa do que na então instaurada República positivista e laica do então
denominado oficialmente, à época, “Estados Unidos do Brasil”.
Segundo o historiador José Pedro de Araújo:
“Os
frades capuchinhos (eram) oriundos da região italiana da Lombardia, e
chegaram à região (do município de Barra do Corda) no final do século
XIX, mais precisamente por volta de 1893” (...) “Já em 1895 instalaram
(os padres capuchinhos) um colégio para meninos na sede do município, no
qual foram matriculados mais de 80 crianças e jovens de até 14 anos.
Com recursos oriundos da Itália, mas também do tesouro estadual (...) os padres partiram rapidamente para a construção (de novo empreendimento) da Colônia em Alto Alegre, dotando-a de toda a infraestrutura necessária. Ergueram-se o prédio escolar, a igreja, um internato com dois pavimentos, um convento para os religiosos, além de oficinas, engenho para beneficiamento de cana-de-açúcar e um aviamento para o beneficiamento de mandioca. A escola, diferentemente da outra implantada em Barra do Corda, que só contava com meninos, receberia meninas em regime de internato”.
Com recursos oriundos da Itália, mas também do tesouro estadual (...) os padres partiram rapidamente para a construção (de novo empreendimento) da Colônia em Alto Alegre, dotando-a de toda a infraestrutura necessária. Ergueram-se o prédio escolar, a igreja, um internato com dois pavimentos, um convento para os religiosos, além de oficinas, engenho para beneficiamento de cana-de-açúcar e um aviamento para o beneficiamento de mandioca. A escola, diferentemente da outra implantada em Barra do Corda, que só contava com meninos, receberia meninas em regime de internato”.
A descrição do massacre, feita por Pe. Bartolomeu da Monza mostra a crueldade dos índios:
“Os
bandos de selvagens saem das matas, rodeiam a igreja, cercam a morada
dos religiosos, o convento das freiras, e as casas dos cristãos perto
deles. Descarrega o fuzil. O celebrante, padre Zaccaria, cai ao chão
(...) Seu sacrifício está consumado. A carnificina é geral, o sangue
corre aos borbotões. Mas eles (os índios) não param de ferir, a morte
não se detém (...) Não se precisa mais de fuzil: bastam facões e
varapaus. As vítimas caem mortas sob golpes furiosos”.
Dentro
de pouco tempo toda a população católica está morta, os índios
incendeiam as edificações, destroem os equipamentos agrícolas e vão
festejar o genocídio embriagando-se, dançando e cantando.
As almas dos mártires voam para o Céu. E mais uma página triste (e pouco divulgada) passa a fazer parte da história do Brasil.
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael.
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